FACTA realizou simpósio sobre Influenza Aviária e Doença de Newcastle no Brasil

FACTA realizou simpósio sobre Influenza Aviária e Doença de Newcastle no Brasil

Especialistas avaliaram os riscos das duas doenças, seus impactos econômicos, métodos de diagnóstico e formas de prevenção; evento aconteceu no dia 12 de abril.

Ovonews

abril 13, 2022

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A FACTA realizou na última terça-feira, dia 12 de abril, o Simpósio sobre Riscos da Influenza Aviária (IA) e Doença de Newcastle (DNC) no Brasil. O evento totalmente gratuito, foi realizado de forma on line e dirigido a profissionais da cadeia avícola, entre pesquisadores e especialistas, e também a estudantes.

Ariel Mendes, diretor-presidente da FACTA, comenta que o encontro faz parte de uma série de eventos iniciados há mais de 15 anos. “A avicultura brasileira sempre se preocupou de forma muito intensa com a prevenção. Sempre desenvolvemos uma grande integração junto ao setor privado, com as associações, produtores e laboratórios. Não existe segredo. A ‘chave’ é continuar isentos da Influenza Aviária e da Doença de New Castle. Temos que estar preparados”, destacou Mendes, na abertura do Simpósio.

Os temas debatidos são muito importantes, “pois essas doenças sempre estiveram em pauta e o Brasil se mantém atento com o objetivo de atender à sociedade e ao país”, ressaltou Odemilson Mossero, presidente do CRMV-SP, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo. A entidade foi uma das patrocinadoras do simpósio, junto à ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal.

O especialista Paulo César Martins, membro do corpo técnico da FACTA, disse que o debate acerca das duas doenças transcende a produção avícola. “São duas enfermidades com as quais temos que ter muita atenção e as informações têm que ser passadas a todos os técnicos”, afirmou, também na abertura.

Dando início à programação técnica, a professora Helena Lage Ferreira, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, abordou a epidemiologia do vírus da Influenza Aviária e da Doença de New Castle. Ela explicou que os vírus são potencialmente perigosos e apresentam mutações constantes. "Há vírus que se tornam endêmicos em diversos países, o que é um quadro extremamente grave. Eles têm uma patogenicidade maior em aves silvestres, com possibilidade de expansão dos tipos de hospedeiros”, demonstrou.

RISCO PARA AS DOENÇAS NÃO PODE SER NEGLIGENCIADO

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Alguns dos participantes do simpósio da FACTA sobre Influenza Aviária e
e Doença de New Castle: Paulo Martins (Facta), Luciano Lagatta (CDA-SP),
Andre Mendonça (MAPA) e Edison Durigon (ICB-USP): doenças em debate

 

Os impactos social e econômico das duas doenças foram apresentados pelo médico veterinário Marcelo Paniago, da Ceva Animal Health Asia. Durante sua apresentação – A Situação da IA e DNC no mundo -, Paniago apresentou questões como o impacto social e econômico das doenças e mostrou um panorama de suas ocorrências em nível mundial. Segundo o especialista da Ceva Saúde Animal na Ásia, o Brasil tem uma situação invejável do ponto de vista de saúde dos plantéis avícolas. “O risco de introdução dessas doenças existe e não pode ser negligenciado. O desafio, no caso de um surto, é evitar que o vírus se espalhe. Isso não é tarefa simples para um país de dimensões continentais, como o Brasil, e com o tamanho e a complexidade da indústria avícola nacional”, apontou.

Paniago ainda listou os fatores essenciais que mantêm o país livre da Influenza e da Doença de New Castle. Ele entende que os rígidos procedimentos de biosseguridade, a vigilância constante, a transparência, a realização de um diagnóstico rápido e de população das aves afetadas têm auxiliado na manutenção do status sanitário da avicultura brasileira. 

O médico veterinário Bernardo Todeschini, do Ministério da Agricultura, apresentou as principais restrições ao comércio de produtos de país, zona ou compartimento afetados pelas duas doenças, previstos no Código de Animais Terrestres da Organização Mundial de Saúde Animal, a OIE. Segundo ele, as recomendações da instituição têm um carácter dinâmico e são periodicamente atualizadas para atendimento das novas necessidades e possibilidades. “As limitações ao comércio evidenciam uma das vantagens do status livre e seus textos devem ser considerados de forma integrada. As recomendações são em geral seguidas pelos países membros, mesmo nos casos de doenças em reconhecimento oficial pela OIE”, apontou.  “O alinhamento com as suas recomendações traz consistência e confiabilidade às ações e expectativas de parceiros comerciais”, afirmou.

O QUE GARANTE A SANIDADE NO PAÍS É TODA A ESTRUTURA JÁ EMPREGADA

Dentro da agenda do simpósio, ainda, o tema Estrutura para Diagnóstico de Influenza e Doença de Newcastle no Brasil e o papel do laboratório de referência da OIE foi apresentado por André Mendonça, auditor do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária – LFDA, de Campinas (SP). Ele mostrou o avanço da estrutura, desde 2005 até os dias atuais. “Quinze anos atrás a maioria do pessoal era terceirizada e hoje, nossa equipe é composta 100% por servidores. O tempo de diagnóstico era de três semanas e hoje, não levamos mais do que seis horas, além, claro de toda a estrutura e tecnologia para registro de amostras, estrutura, um trabalho em rede que hoje serve de referência para a OIE sobre a Influenza Aviária e a Doença de New Castle”, apontou.

Depois foi a vez do Professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, Edison L. Durigon, levar para o debate o tema Monitoria em aves migratórias: quando e como fazer. De acordo com Durigon, essa monitoria já é feita desde 2003. “O ‘quando fazer’ é todo dia. Temos que estar sempre alertas.  Sempre contamos com respaldo institucional do Ministério da Saúde, da Agricultura, do Meio Ambiente e até do Ministério da Defesa”, apontou. Durigon destacou também que quantidade de Influenza que chega ao país é uma enormidade. “Só posso pensar que ‘Deus é brasileiro’. Estamos em risco constante e por isso temos que monitorar o tempo todo, com recursos e financiamento. O que garante a sanidade da avicultura é toda a estrutura já empregada”, afirmou.

O RISCO DAS AVES DE FUNDO DE QUINTAL

Os fatores de risco para Influenza Aviária e Doença de Newcastle, representado pelas aves de fundo de quintal foi o tema abordado por Luciano Lagatta, médico veterinário da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo. Segundo ele, as aves de fundo de quintal são potenciais reservatórios de doenças e têm sido objeto de atenção sob a ótica epidemiológica. “Elas têm maior susceptibilidade às infecções virais e contato contínuo com aves de vida livre, e ausência de medidas de biosseguridade, por isso o alto risco”, alertou.

Lagatta destacou que no Brasil, a Influenza Aviária de alta patogenicidade nunca foi registrada e o último foco da Doença de New Castle ocorreu em aves de fundo de quintal em 2006. “A vigilância epidemiológica, que fornece os dados necessários para a análise de riscos, é fundamental”, explicou.

OS IMPACTOS ECONÔMICOS DOS SURTOS DE IA E DNC

O Diretor corporativo de agropecuária na JBS Foods, Osório Dalbello, abordou em sua participação no simpósio os impactos econômicos de surtos de Influenza e Doença de New Castle.  De acordo com ele, é uma tarefa extremamente complexa traçar esse cenário, um exercício de predição que não tem referência prévia de sustentação, dadas as particularidades do Brasil no mercado internacional. “Seriam registradas perdas econômicas causadas pela eliminação das aves, abate fora do padrão de peso vivo, gastos com prevenção e desinfecção, perdas com estocagem de carne, na qualidade da produção, empregos e renda e uma inestimável perda no valor de mercado”, apontou.

Paulo Pelissaro, da Seara, afirmou que o Brasil continua sendo um dos principais atores do mercado avícola em nível mundial “pelos ajustes às regras da Organização Mundial de Saúde Animal, pelos acordos bilaterais ou multilaterais; pela oferta e demanda; seu custo competitivo e qualidade intrínseca dos produtos e fundamentalmente pelo status sanitário”. Ele apresentou os programas de prevenção implementados pelas empresas brasileiras e destacou, na abertura de apresentação, porque o Brasil continua sendo o maior exportador de carne de aves do mundo.

Pelissaro questionou – “E se ocorrer IA ou DN no Brasil? – e, em seguida, traçou um cenário. “Será preciso erradicar, posteriormente a um diagnóstico imediato, com ação no foco e ações para não disseminar. E em um segundo quadro, mais grave, se essas doenças se tornam endêmica, o Brasil fica proibido de exportar, com consequências irreversíveis para toda a cadeia produtiva”, afirmou.

OS MÉTODOS E AÇÕES DIANTE DE UM SURTO

Durante o simpósio da FACTA, a consultora Nelva Grando apresentou os métodos de depopulação e destinação de aves mortas. Segundo ela, o despovoamento é um método pelo qual um grande número de animais doentes ou em sofrimento são mortos de forma rápida e eficiente, com o máximo bem-estar. “Ele pode ser praticado durante uma emergência de saúde animal, com um grande surto de doença para eliminar o sofrimento animal ou ajudar na prevenção ou mitigação da propagação da doença através da eliminação de infectados, expostos ou animais potencialmente expostos”, explicou.

Ela apontou que as atividades deverão ser iniciadas com os animais infectados e depois estendidas aos animais de contato. “E após essa ação, uma das formas mais seguras de destruição das aves é enterrá-las dentro do perímetro da propriedade”, disse. Porém, segundo ela, o melhor método para a contenção de um vírus é a incineração. “Ele é o mais seguro, não atrai roedores, porém, oferece um custo alto ao produtor”, explicou. 

O PROGRAMA INTEGRADO DE VIGILÂNCIA

Estar vigilante é a síntese dos primeiros passos, segundo alguns palestrantes. Ronaldo Teixeira, coordenador-geral de Planejamento e Avaliação Zoosanitária do Ministério da Agricultura, falou sobre o Programa Integrado de Vigilância de Influenza Aviária e Doença de New Castle. Segundo ele, a vigilância visa demonstrar a ausência de infecção ou infestação, determinar a presença ou distribuição de infecção ou infestação ou detectar o mais precocemente possível doenças exóticas ou doenças emergentes.

“O plano de vigilância de IA e DNC tem o propósito de evitar perdas e reduzir impactos econômicos e sociais por eventuais ocorrências das doenças, considerando a situação atual do país e região em relação às doenças”, afirmou. “Do ponto de vista da saúde pública, ele prevê o monitoramento da ocorrência de cepas virais da IA para subsidiar ações de saúde pública no contexto da Saúde Única.”

O ENVOLVIMENTO DE TODA A CADEIA AVÍCOLA

Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, também foi um dos palestrantes do simpósio da Facta, no dia 12 de abril. Ele apresentou o tema Influenza Aviária - Contingência e Gerenciamento de Crise e destacou que o Brasil é o único grande produtor e exportador de produtos avícolas que nunca registrou Influenza Aviária. Segundo Santin, o mundo está sendo desafiado por essa doença e o Brasil precisa se manter alerta.  “A prevenção é a chave, não permitindo a entrada de pessoas estranhas em sua granja, desinfetando os veículos ao entrarem na granja e sempre trocar calçados e roupas antes de entrar na propriedade”, disse.

Santin destacou ainda a criação do Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária, o GEPIA, com representantes de toda a cadeia, ligado ao Conselho da ABPA. Ele explicou que o Grupo realiza um levantamento dos banimentos com relação à notificação dos países, levantamento dos documentos normativos, revisão dos manuais de biosseguridade, levantamento dos valores para emergência em Fundos Estaduais, comunicação e imagem (realização de campanha em andamento e material educacional), cotação e logística de kits de EPI, interface com a coordenação de Emergências Zoosanitárias, renegociação de CSIs (alterar "país livre" para país, zona, compartimento), treinamento e vacinas.

"Esse não é um trabalho só do governo, não é só do dono da granja ou da agroindústria. Esse é um trabalho de responsabilidade de todos os atores envolvidos na cadeia avícola", afirmou Ricardo Santin.

A FACTA

A FACTA é uma organização civil sem fins lucrativos, fundada em 10 de agosto de 1989, incorporando e ampliando atividades técnicas e científicas originalmente desenvolvidas por sua idealizadora e criadora, a APINCO – Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte.

A entidade tem como foco principal o fomento e a difusão de novos conhecimentos e tecnologias aplicáveis ao desenvolvimento sustentável da avicultura. Realizar eventos de difusão e atualização técnicas é um dos seus objetivos, como aconteceu com o Simpósio sobre os riscos da Influenza Aviária e a Doença de Newcastle.

(A Hora do Ovo, com informações e imagens da assessoria de imprensa da FACTA)

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