É fato que o segmento de postura ganhou muito com a criação da Conbrasul Ovos, no Rio Grande do Sul. A cada edição, a Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Ovos demonstra sua relevância no cenário brasileiro da produção de ovos, apresentando, sempre, alto nível da sua programação, dos palestrantes que participam e dos conferencistas que buscam no evento o conhecimento compartilhado de uma forma diferenciada.

Os últimos três dias confirmam esse destaque, sempre alcançado por uma organização esmerada e um cuidado expressivo com o avicultor, a indústria avícola e o consumidor de ovos. Reunidos em Gramado, na serra gaúcha, nos dias 18, 19 e 20 de junho, avicultores, lideranças, pesquisadores e representantes das empresas fornecedoras confirmaram que, mais do que nunca, o conhecimento e o debate engrandecem o setor produtivo, elevando o nível do enfrentamento dos desafios do segmento.

Com 360 participantes, a Conbrasul 2023 demonstrou que é um evento que se consolida entre os mais importantes da avicultura no Brasil. Segundo os organizadores, “o ponto alto do encontro se deve ao elevado nível das palestras e dos debatedores, além do público altamente qualificado, o que representa uma oportunidade única para a realização de networking."

Nessa quarta edição, a conferência discutiu não apenas o futuro da avicultura, mas também o passado para fazer projeções e traçar cenários e teve a sala de conferência cheia durante todos os debates, destaca José Eduardo dos Santos, presidente executivo da Asgav – a Associação Gaúcha de Avicultura - e realizador da conferência. “Essa edição superou as expectativas. No domingo à tarde tivemos pela primeira vez um painel técnico, a Conbrasil Tec Ovos, que surpreendeu pela adesão elevada”, aponta o executivo.

Mas esse sucesso não veio sem desafios, segundo Santos. A chegada da influenza aviária na América do Sul logo no início do ano e depois em aves silvestres migratórias no Brasil trouxe apreensão ao setor, que mais uma vez mostrou resiliência, união e maturidade. “Trabalhamos de forma coordenada e colaborativa, todos nós da cadeia produtiva, com o Ministério da Agricultura e secretarias estaduais de agricultura, fortalecemos a nossa biosseguridade e mostramos agilidade de resposta e eficiência. Por isso, seguimos livres dessa enfermidade”, sinaliza o líder gaúcho.

O diretor de Mercados da ABPA, Luis Rua, destacou a qualidade do evento. “A Conbrasul é uma conferência de primeiro mundo e mostra que a avicultura do Brasil é de primeiro mundo. A programação estava toda muito ligada ao atual momento do setor e deixou claro que precisamos entender as demandas crescentes do consumidor moderno sem esquecer que também temos 1 bilhão de pessoas no mundo passando fome e o ovo é um alimento estratégico por ser uma fonte de proteína saudável e mais econômica. Foi muito importante estar na Conbrasul, ter esse momento de networking com pessoas estratégicas”, avaliou Ruas.

A Conbrasul permitiu não apenas o compartilhamento de informações relevantes para o mercado, como também contribuiu com uma união ainda maior da cadeia produtiva, analisa Edival Veras, presidente do Instituto Ovos Brasil. “As lideranças presentes saem mais unidas para trazer um planejamento melhor para o segmento. A produção de alimentos precisa ser responsável para evitar excessos ou escassez. Aqui tivemos a chance de continuar nos profissionalizando e de assumir responsabilidades e o compromisso de crescer de forma organizada. A Conbrasul realmente impressiona pelo profissionalismo”, salienta Veras.

José Eduardo dos Santos, da Asgav, antecipou que a próxima edição do evento será ainda melhor. Vai ser realizada no mesmo local, em Gramado, em junho de 2025. “Vamos continuar trabalhando para proporcionar esse momento de união e conscientização dos desafios, das oportunidades e tendências do nosso setor”, conclui Eduardo.

DIVERSIFICAÇÃO, SUSTENTABILIDADE, BEM-ESTAR ANIMAL E BIOSSEGURIDADE 

De fato, na Conbrasul 2023, mais uma vez, as lideranças da postura se manifestaram e fizeram a sua parte, em sintonia com os acontecimentos e os desafios recentes da postura brasileira. Nessa edição que acaba de acontecer, os líderes defenderam a diversificação do mercado, a sustentabilidade, o bem-estar animal e a biosseguridade como alguns dos pilares importantes para a produção de ovos do Brasil.

Segundo balanço da organização do evento, esses são, sim, os desafios, as oportunidades e também a lição de casa do segmento.

O diretor de Mercados da ABPA, Luis Rua, aponta que a diversificação pode vir pela via da ampliação das exportações de ovos, abrindo novos mercados. Esse caminho, segundo ele, visa reduzir a dependência elevada do segmento de ovos do mercado interno. “O Brasil exporta apenas 0,44% da produção de ovos. Então, qualquer choque no mercado interno tem um impacto muito grande. Aumentar as exportações é aumentar nossas opções de mercado. Precisamos manter esses dois fluxos, os mercados interno e externo, bem abertos”, avaliou.

Para diversificar, é preciso estar conectado com as demandas dos mercados consumidores, defendeu Ricardo Faria, presidente do Grupo Faria, um dos maiores do país. Faria chamou a atenção para o crescimento das demandas por bem-estar animal e sustentabilidade, além da necessidade de ampliar o uso de novas tecnologias na produção. “Eu não posso deixar de defender aqui o bem-estar animal. Temos de estar conectados com essas demandas. E também chamo a atenção para a importância da automação”, pontuou.

De acordo com o empresário, o crescimento do mercado de ovos depende da digitalização. “Se acontecer o que se espera, de melhorias na renda e no nível de emprego do país - e essa é uma obrigação institucional que nós temos -, e se a gente quiser que o consumo de ovos vá a uma média de 300 unidades per capita ao ano, vamos precisar de automação. As empresas precisam pensar que o melhor lugar para reinvestir o nosso dinheiro é em nosso negócio.”

(A Hora do Ovo, com informações e fotos da assessoria de imprensa da Conbrasul 2023)