Oferta muito alta e ovos galados no mercado impulsionam queda de preço
Avicultores de Bastos (SP) reagem à queda no preço dos ovos, este ano mais acentuada; descarte de aves está previsto, mas pode não ser suficiente.
Christian Maki: preço abaixo dos custos de produção |
Três produtores de ovos de Bastos (SP) comentam a queda dos preços nos ovos que já vem sendo anunciada há dias pelo mercado. Christian Maki, Sérgio Kakimoto e Wellington Koga falaram sobre o assunto para a reportagem do Globo Rural desse dia 13 de novembro. Responsável pela maior produção de ovos do país, o município de Bastos convive com o otimismo que vem sendo a tônica na maioria das regiões produtores de ovos do Brasil. No entanto, com a queda nos preços, as análises e as ações devem andar par e par. O repórter Fernando Degaspari, da TV TEM, afiliada da Rede Globo na região de Bauru, ouviu Christian Maki a respeito. Dono de uma granja de galinhas vermelhas, Christian Maki diz que o preço do ovo está abaixo dos custos de produção. Em fevereiro, a caixa com 30 dúzias do tipo extra era vendida a R$ 67, agora, está sendo comercializada por R$ 47,00. “Setembro, outubro, novembro, geralmente é uma época mais difícil. Já esperávamos. Mas o preço está um pouco abaixo do que se esperava”, disse Christian.
Koga: chegada da primavera também ajudou na queda |
O presidente do Sindicato Rural de Bastos, o avicultor Wellington Koga, disse que a chegada da Primavera também ajudou a derrubar o preço do ovo porque a estação tem dias mais longos e as galinhas botam mais ovos, aumentando a oferta do produto. Koga salientou à reportagem da Globo que a situação só não é pior porque o preço do milho utilizado na ração das aves está estável. “Todo ano, na verdade, já é esperada uma queda, mas uma queda mais suave, não uma queda tão significativa”, disse Koga.
Para que o preço do ovo volte a subir, a estratégia das granjas é diminuir a oferta do produto no mercado. A ideia é descartar as aves mais velhas para diminuir os planteis. Essa açãotambém foi demonstrada como uma das estratégias possíveis para a volta da elevação dos preços, segundo o Cepea. O centro de análise de preços da USP confirmou nesse dia 12 de novembro que os preços dos ovos têm se mantido em queda. Segundo os analistas do Centro, “nem mesmo o típico aquecimento da demanda nos primeiros dias do mês foi suficiente para interromper a desvalorização observada desde setembro”.
O motivo, todo mundo sabe, é a oferta elevada do produto. “Além dos ovos tipo extra e daqueles de tamanho menor, resultado das poedeiras repostas ao longo dos últimos dois meses, a entrada expressiva de ovo galado (destinado à produção de pintinhos) no mercado reforça esse cenário. Segundo agentes consultados pelo Cepea, os ovos galados vêm sendo ofertados a valores bem inferiores aos dos demais tipos de ovos. Isso tem gerado, inclusive, uma maior concorrência no setor. Colaboradores do Cepea relatam, ainda, que os descartes de poedeiras estão ocorrendo, mas são insuficientes para amenizar o quadro de oferta elevada e impulsionar as cotações. Para isso, é necessário acelerar o ritmo de descartes das mais velhas.
Kakimoto: descarte maior de aves no período |
Em Bastos, uma das mais tradicionais empresas de produção de ovos, a Granja Kakimoto, trabalha no sentido de descartar 10% a mais de aves em relação ao que costumeiramente faz. Segundo o avicultor Sérgio Kakimoto, em vez de descartar 5% das aves, como faz todo fim de ano, a granja está descartando 150 mil aves, o que corresponde a 15% do plantel. “O preço do ovo deve reagir no finalzinho de novembro, com a entrada do 13º no mercado, e depois do mês de março, passando o carnaval. Nesse período, ele deve ainda ficar um pouco abaixo do custo de produção”, estima Kakimoto, em entrevista ao Globo Rural.