José Francisco Miranda Jr., da DSM: a busca por um ovo diferenciado

Contra a máxima de que “ovo é tudo igual”, frase muito recorrente no mercado avícola -  inclusive entre os próprios produtores -, o executivo José Francisco Miranda, gerente do produto Carophyll no Brasil da DSM, apresentou durante o III Encontro Ovos RS uma coleção de razões que contradiz completamente essa ideia. Para Miranda, a valorização do ovo deve seguir exatamente na direção oposta, mostrando o produto como um alimento múltiplo, eclético, capaz de chegar à mesa do consumidor das formas mais variadas e atendendo a diversos requisitos, tanto na área de saúde quanto de culinária. 

O executivo da DSM falou sobre a diferenciação do ovo no III Encontro Ovos RS, em novembro último, durante o Avisulat 2014 realizado em Porto Alegre (RS). No evento, líderes e profissionais do setor de postura traçaram um amplo e variado panorama do ovo no Brasil e no mundo. 

Miranda citou as novas tendências de alimentos, como o pão, por exemplo, que vem sendo “reinventado” pelo mercado. Hoje, é possível encontrar pães de diversos formatos, sabores e formas, sugestivas ideias que “embalam” o pão para os mais variados clientes, do mais sim-ples ao mais sofisticado. “Com isso, nos últimos 5 anos, houve um aumento do faturamento no setor de pães de 45,6%, sendo que 50% desse faturamento maior é de pães especiais, e 30% de pães integrais”, citou o executivo, para quem essa diferenciação também pode se aplicar ao ovo, agregando maior valor ao produto. Enquanto isso, nas gôndolas dos supermercados, os ovos continuam aparecendo de forma tímida, apresentados em embalagens sempre iguais, ou, pelo menos, muito semelhantes.

Hoje o ovo possui vários tipos de consumidor, desde os compradores básicos, que simples-mente levam o ovo e não questionam nada, aos preocupados com a sua própria saúde e com o bem-estar animal.

Pesquisa da DSM demonstrou as buscas do consumidor por um ovo especial

Durante sua palestra no Avisulat, o executivo da DSM foi aos detalhes, apresentou números que desmistificam a ideia do ovo como um produto comum, sempre igual. “Sabemos que o ovo não é igual em todo lugar e o sabemos através de pesquisa realizada por profissionais da DSM junto a supermercados de diversos continentes, avaliando a cor da gema, a casca e a aparência, entre outros itens”, revelou Miranda, apresentando resultados do levantamento realizado entre novembro de 2013 e maio de 2014 em 46 cidades de 24 países.

Com um total de 688 amostras, a pesquisa mostrou que 82% dos ovos vendidos em super-mercados da América do Norte possuíam atributos diferentes dos ovos comuns. O mesmo levantamento demonstrou que ovos com atributos diferenciados representam 40% na Amé-rica Latina, 61% na Europa e 56% na Ásia. Entre esses diferenciados, 10% dos ovos analisados na Europa eram orgânicos, contra 5% na América Latina. A cor da gema também foi avaliada e foi observado que quanto mais escura ela era, mais valor nutricional foi atribuído a esse tipo de ovo.

Em suma, a pesquisa mostra a importância de se explorar mais as qualidades do ovo, ressal-tando-as de forma inteligente junto ao consumidor. O exemplo do setor de panificação mais uma vez ilustra bem essa ideia. “O consumidor `come´ com os olhos, por isso é importante investir na apresentação do ovo e, naturalmente, na qualidade da produção”, sugeriu o exe-cutivo da DSM.

Essas são, basicamente, as diretrizes do Projeto Ovos RS, um trabalho que amplia o conceito de qualidade do ovo. “O projeto discute e se preocupa com a melhoria do ovo”, avaliou Miranda, lembrando que, também por isso, a DSM apoia e é uma das patrocinadoras do projeto. Apoios como esse da DSM são fundamentais para estimular a melhoria do conceito do ovo junto ao consumidor e, inclusive, junto ao produtor de ovos.

O executivo Ricardo Santin, da ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal e presidente do Conselho do Instituto Ovos Brasil também dá exemplos de como o ovo pode mostrar todo o seu valor com alternativas bem trabalhadas no mercado. “É preciso saber por onde o consumidor está caminhando”, indica Santin. Em sua palestra proferida em Porto Alegre, durante o III Encontro Ovos RS, em novembro passado, Santin alertou os avicultores que estar atento ao consumidor deve ser uma regra para mudar o posicionamento no mercado, obtendo ganhos com a produção de ovos.

Hoje, por exemplo, há a tendência para embalagens menores, além das tradicionais, que atendem às pessoas que vivem sozinhas ou casais sem filhos. Ao mesmo tempo, na linha do bem-estar animal e da saúde pessoal estão preferências como os ovos orgânicos, os naturais ou os caipiras, produtos cada vez mais fortes no mercado. “É preciso ter um olhar especial para essas tendências”, indicou Santin.

De olho no mercado externo, o produtor também deve se preparar para o setor de ovos processados, tão pouco explorado no Brasil e comum nos países de Primeiro Mundo, onde a praticidade também dita as normas. “O consumo de ovosprodutos em países desenvolvidos é de cerca de 20%. Mas é bem maior em países como o Japão (49%), Espanha (46%), Itália (34%), Estados Unidos e Canadá (30%)”, indicou o executivo da ABPA, acostumado a circular por países em que as gôndolas de mercados atendem públicos diversos, como os gourmets, por exemplo, ou as donas de casa muito ocupadas. Para esse nicho de mercado, por exemplo, Santin destacou a novidade do ovo em spray para dourar pães ou cobrir pastelarias -, novidade bem-vinda e aplaudida nas cozinhas experimentais e nas profissionais.

Atender públicos diferenciados e trabalhar com ovosprodutos pode ser a deixa, também, para conquistar o mercado externo. Mas o mercado brasileiro tem um sem-número de oportunidades que podem e devem ser exploradas. É o que o executivo José Francisco Miranda Jr., da DSM, chamada de investir num ovo diferente. Esse olhar atento e esse investimento especial, na verdade, significa estar atento às novas tendências que a comercialização exige. Leia mais sobre o marketing do ovo no link O ovo mostra sua importância e força com o Projeto Ovos RS.

(A Hora do Ovo)