Pacote federal de infraestrutura causa indignação no Paraná

Pacote federal de infraestrutura causa indignação no Paraná

Secretário de Infraestrutura critica falta de obras e projetos prioritários para o Estado no programa recém-lançado pela presidente Dilma.

Ovonews

agosto 17, 2012

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José Richa Filho, secretário de infraestrutura: indignação

O recém-lançado pacote de infraestrutura da presidente Dilma, buscando modernizar as estradas e canais de escoamento da produção agropecuária brasileira, não foi bem visto pelo governo do Paraná. E o motivo é que o Estado parece ter ficado de fora do novo plano federal quando, na realidade, é um estado-referência na produção agropecuária, seja na área de produção de grãos, seja na produção da proteína animal, com destaque para os ovos e a carne de frango. O Estado é nada menos que o maior produtor e exportador de frango do Brasil e o terceiro maior produtor de ovos do país.

A grita veio do secretário estadual de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, que afirmou, na última quinta-feira, dia 16, ter ficado surpreso e indignado com a falta de obras e projetos prioritários para o Paraná incluídos no Programa de Investimento em Logística do Governo Federal. “O governador Beto Richa já solicitou audiência com a presidente Dilma Rousseff para entender o que está acontecendo”, informou o secretário, lembrando que deve haver uma grande mobilização estadual para defender os interesses paranaenses. “Além de não estarmos contemplados, o que nos parece é que estamos sendo prejudicados”, afirmou Richa Filho, salientando que o Ministério dos Transportes conhece todas as demandas do Paraná na área de logística.

O secretário relatou encontro ocorrido em Curitiba, no último dia 29 de março, quando o ministro Paulo Passos recebeu um documento do Fórum Futuro 10 Paraná – integrado por diversas entidades de representação e pelo governo estadual – onde foram detalhados os maiores gargalos do Estado. Para Richa Filho, os dois projetos ferroviários que aparecem no programa nacional precisam ser melhor detalhados, pois se contrapõem a tudo que vem sendo discutido com a União desde o ano passado.

Segundo ele, em uma análise preliminar, o governo federal está ignorando a existência da Ferroeste e a capacidade do Porto de Paranaguá e propondo a construção de uma ferrovia paralela e concorrente que pode provocar migração de cargas para outro terminal. A ligação Maracaju/Guaíra/Cascavel/Paranaguá, já discutida entre Paraná e Mato Grosso do Sul e para a qual a Valec S.A. anunciou a contratação de estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental, não foi considerada. “Para nossa surpresa veio tudo diferente daquilo que estávamos ajustando há um longo tempo”.

Para o coordenador de projetos do Instituto Tecnológico de Transporte e Infraestrutura (ITTI), Eduardo Ratton, os governos paranaenses não conseguiram modernizar as ferrovias a ponto de torná-las viáveis. Segundo ele, o trecho que liga Maracaju (MS) a Mafra (SC) vai passar por uma importante região produtiva do Mato Grosso do Sul e do Paraná, mas o desvio para a cidade catarinense deve custar caro ao Porto de Paranaguá.

O escoamento da produção paranaense e do Centro-Oeste brasileiro, feito por Maracaju (MS), passando por Cascavel até Mafra (SC), seguiria para o Porto de Rio Grande ou para Santos. A estrutura de trilhos de bitola larga favorece esse trajeto. Isso porque o trecho de Mafra a Paranaguá usa trilhos de bitolas métricas. Sem um plano de modernização de trechos importantes para o Paraná, como um novo ramal entre Guarapuava e o Litoral do estado, os principais gargalos no setor devem permanecer os mesmos.

“A opção do governo pela construção de trechos que levam ao porto de Rio Grande reflete a sucessiva incompetência dos governos estaduais em gerenciar e modernizar o porto paranaense”, afirma Ratton, do ITTI. “Enquanto Paranaguá possui um único terminal de contêineres, que define o valor das tarifas cobradas, os portos de Santa Catarina, embora menores, têm conseguido atrair cargas importantes com tarifas diferenciadas e maior eficiência”, acrescenta. Ratton ressalta ainda as filas de caminhões que se formam a cada escoamento de safra na BR-277, única rodovia de acesso ao Porto de Paranaguá. “O corredor de exportação de Paranaguá é muito lento. A prova disso são as dezenas de navios esperando dias para poder atracar com prejuízos que encarecem o custo”

Outro projeto ferroviário também é diferente daquilo que o Estado necessita, segundo informa o secretário. O trecho proposto no plano da União desce de São Paulo e também chega a Mafra, mas não há detalhes. O governo estadual e produtores paranaenses defendem a construção de um ramal da ferrovia Norte-Sul passando pela região de Maringá e Campo Mourão, Cascavel e pelo Sudoeste do Estado até a divisa com Santa Catarina.

Com relação às obras rodoviárias, o secretário disse que existem diversos problemas em estradas federais que não foram considerados e são essenciais para a economia do Paraná e do Brasil. Ele citou a necessidade de melhorias na BR-163, na região Oeste, que precisa ter a capacidade de tráfego aumentada. Outra demanda é a implantação do trecho da BR-158, entre Alto do Amparo e Imbituva, a única parte da rodovia que ainda não saiu do papel. A Estrada Boiadeira (BR-487) e a Transbrasiliana (BR-153) também foram citadas pela importância que têm para a ligação entre o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. 

O plano de Dilma para a iniciativa privada 

O plano federal lançado pela presidente Dilma na última quarta-feira, dia 15, é, na verdade, a primeira etapa de um novo pacote de concessões para incentivar investimentos na decadente infraestrutura do país. Essa primeira fase do chamado Programa de Investimentos em Logística – há sempre um nome pomposo – sugere a aplicação de R$ 133 bilhões na reforma e construção de rodovias federais e ferrovias.

O ministro dos Transportes Paulo Passos disse, na cerimônia de lançamento da ideia, que do valor total, R$ 42,5 bilhões devem ser aplicados na duplicação de 5,7 mil quilômetros de rodovias, incluindo os principais eixos rodoviários do país. Outros R$ 91 bilhões serão aplicados na reforma e construção de 10 mil quilômetros de ferrovias ao longo dos próximos 25 anos.

Detalhe: o plano conta com a ajuda da iniciativa privada para acontecer, o que a presidente chama de “concessões”, para não chamar de privatização, como se isso depusesse contra um país que só acontece porque tem iniciativa privada. Até no nome. 

(Com informações da AEN, site Londrix, Globo.com E Gazeta do Povo - PR)

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