Os desafios da vacinação na postura, segundo dois especialistas da Ceva

Os desafios da vacinação na postura, segundo dois especialistas da Ceva

Luiz Sesti e Marcelo Paniago, da Ceva Saúde Animal, analisam o momento da avicultura no mundo e as condições para manter a sanidade diante dos desafios do setor.

Ovonews

junho 24, 2015

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Marcelo Paniago: monitoramento constante

Em cada região do mundo há um desafio a ser vencido pelos programas de vacinação. É preciso atendê-los para que o status sanitário se mantenha íntegro, avaliam Marcelo Paniago e Luiz Sesti, da Ceva Saúde Animal.

A princípio, eles abordaram temas diferentes, mas os termos, a realidade e os argumentos são parecidos. Marcelo Paniago e Luiz Sesti, dois profissionais que integram a equipe da Ceva Saúde Animal para a América Latina e o mundo, falaram aos participantes do 13º Congresso da APA, em março, sobre a importância de vencer os mais diferentes desafios para manter em dia a sanidade dos planteis.

Diretor global de serviços veterinários para a avicultura da Ceva, atuando na França, Marcelo Paniago chamou a atenção dos congressistas em Ribeirão Preto (SP) para os múltiplos cenários da postura no mundo e como as empresas de vacinas precisam estar atentas para acompanhar as mudanças exigidas por um novo mercado mundial. Como vacinar com precisão e obter resultados satisfatórios em grandes baterias de aviários nos Estados Unidos? Como enfrentar a mão de obra desqualificada na Ásia, refratária a um treinamento especializado para vacinação dos lotes de poedeiras?

Na Europa, por pressão do consumidor, cada vez mais se consolida o conceito do bem-estar animal, o que tem levado os produtores a optar pela criação de aves soltas, ou, pelo menos, com gaiolas enriquecidas. “Na União Européia não existem mais as gaiolas convencionais. É imenso o número de produtores que migrou para sistemas alternativos”, demonstrou o especialista. Em 2008, cerca de 25% das poedeiras já eram criadas nesses sistemas. Em 2013, 42% das aves já estavam alojadas fora das gaiolas. “Não tenho a menor dúvida de que isso vai chegar ao Brasil”, estima Paniago, lembrando que a vacinação com aves soltas tem alto impacto na sanidade porque os desafios são mais explícitos para os profissionais da indústria avícola.

Na Ásia, a pressão das doenças é muito forte. O risco sanitário é imenso, disse o profissional da Ceva. “A influenza aviária foi um desastre na indústria avícola asiática e, ao mesmo tempo, foi um dos fatores a impulsionar a modernização da indústria, o que propiciou mais investimentos em biosseguridade”. Tendo trabalhado na Ásia, Paniago conta que o continente enfrenta a escassez de mão de obra qualificada para incubatórios e granjas e que o treinamento é dificultado pela barreira dos idiomas, que são vários por conta da grande quantidade de estrangeiros que trabalham por lá.

O desafio nos Estados Unidos são os grandes aviários. “Um terço dos aviários americanos têm mais de 100 mil aves alojadas. Há casos de três galpões com meio milhão de aves. A busca por essa alta densidade -  por causa do ganho em escala - dificulta enormemente a vacinação”, demonstrou Paniago, o que aumenta a insegurança sanitária das aves. Um exemplo claro foi o surto de salmonela que os americanos viveram em 2010, em que mais de meio bilhão de ovos foram retirados das prateleiras. “Por isso, a preocupação com a qualidade microbiológica dos ovos aumentou significativamente nas granjas americanas e as empresas adotaram a vacinação contra salmonelose como um dos instrumentos de prevenção das consequências associadas a essa enfermidade.”

O especialista da Ceva alertou para a necessidade de aumentar a vigilância para que os lotes tenham uniformidade na vacinação, e essa indicação serve também para o Brasil. Segundo Paniago, é preciso otimizar as estratégias de vacinação para que elas sejam mais eficientes, o que pode permitir a redução no número de vacinações. “Mas é preciso monitorar constantemente o processo de vacinação; ele precisa ser acompanhado para que não haja erros”, alertou o palestrante.

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Luiz Sesti:de olho na Doença de Marek

A Doença de Marek

Muda a geografia mas nem sempre mudam os métodos e a atenção que a vacinação exige na avicultura de postura. O controle da Doença de Marek, por exemplo, caminha nessa linha tênue e tão fundamental, segundo a análise feita por Luiz Sesti no Congresso da APA. Responsável pela área de Serviços Veterinários da Ceva na América Latina, Sesti apresentou em sua palestra uma convergência com o tema de Paniago no sentido de manter a biosseguridade e os cuidados necessários para garantir os resultados de uma boa vacinação. Seu tema, Novos e antigos desafios para o controle da doença de Marek, oscilou nessa frequência, guardadas as proporções e métodos que reservam as características da enfermidade.

Segundo Sesti, novos surtos da doença têm aumentado o interesse pelo tema, interesse que, na sua visão, deve ser constante, dada à prevenção que a doença exige e os planteis necessitam para a segurança da avicultura de postura como um todo. A Doença de Marek é uma das principais enfermidades da avicultura, sendo responsável por quadros imunossupressores e tumorais em aves afetadas. No Brasil, a enfermidade causou grandes perdas econômicas na década de 1980, mas manteve-se controlada por muitos anos. Recentemente, novos surtos da doença voltaram a acometer planteis no país e o tema voltou a ser alvo de discussão.

A manifestação clínica da enfermidade tem sido dinâmica desde os primeiros relatos em 1907, passando desde a forma clássica até a muito virulenta (+vvMDV), o que tem dificultado o controle em nível mundial. Durante a palestra no Espaço Empresarial do Congresso da APA 2015, em março, o especialista apresentou diversos cenários e estratégias no controle da doença. Segundo ele, o controle dessa enfermidade deve estar estruturado em alicerces firmes e constantes, como a biosseguridade, a vacinação estritamente correta, o trabalho permanente feitos pelas casas genéticas de seleção para que as aves sustentem em sua genética uma resistência à doença, e o contínuo levantamento de informações epidemiológicas no país.

Nem sempre o caminho é tranquilo nesse sentido, o que eleva os fatores predisponentes à doença, indicou o profissional, notadamente no cotidiano da granja. É o caso da falta de biosseguridade, incluindo ações mal realizadas nas instalações, como falhas na ambiência, desinfecção inadequada, falha ou falta de vazio sanitário, alta densidade de aves e até mesmo manejo mal feito na alimentação, entre outros fatores que predispõem os lotes a enfermidades como a Doença de Marek, que é altamente contagiosa. A vacina é importante mas o controle rígido é fundamental para acompanhá-la. Os desafios são muitos, segundo Sesti, mas eles podem ser vencidos com ações corretas, estratégias adequadas e controle efetivo.

Saiba mais sobre a Doença de Marek no site da Ceva, link: Ceva-World.

(A HORA DO OVO)

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