Em seu blog diário no jornal O Globo, a jornalista Miriam Leitão vai ao ponto: a inflação mais alta, segundo dados mais recentes, tem base na alta dos preços agrícolas. Ela cita - como já sabemos - a quebra de safra, principalmente nos Estados Unidos, provocada por uma forte seca, e que vem afetando os preços agrícolas - milho, trigo e soja. Estes, por sua vez, estão mais caros, pressionando a inflação. “É isso que mostram os dados divulgados hoje pela FGV. O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acelerou para 1,43% em agosto - maior patamar desde novembro de 2010”, informa a jornalista especializada em economia.

São dela as palavras que seguem: “Em 12 meses, a inflação deu um salto, chegando a 7,72%, o que representa uma alta de 1,05 ponto percentual em relação aos 6,67% acumulados até julho. O economista Luiz Otávio Leal, do banco ABC Brasil, explica que o choque agrícola está por trás dessa disparada da inflação. O IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), um dos que compõem o índice geral, subiu 1,99%, mais do que no mês anterior (1,81%), puxado pelo aumento dos preços dos produtos agrícolas no atacado. Em julho, tinham subido 3,91%; em agosto, a alta foi de 6,07%. O analista acha que, daqui para a frente, devem desacelerar.”

Está aí mais uma contribuição da falta de política agrícola e infraestrutura deste nosso país especialista em amadorismo, dizemos nós, da Hora do Ovo, aproveitando a carona dos dados de Miriam Leitão. Produz-se tanto, há tanta capacidade para o trabalho nesta nossa nação, mas nenhuma para a administração pública. Diz Marina Silva, uma ex-candidata à presidência da república - que há tempos não aparece para dar sua contribuição prática -, que o combate à corrupção seria a ação mais direta para salvar tudo neste nosso país. Dados de 2011: a corrupção desviou R$ 40 bilhões em sete anos, R$ 682 milhões no Ministério dos Transportes; o Brasil caiu 20 posições no ranking da infraestrutura, segundo pesquisa do Fórum Econômico Mundial – deixou o 84.º lugar para ocupar o 104º.

E não é da falta de infraestrutura que justamente estamos padecendo na busca por soluções nessa – mais recente e, nem por isso nova - crise da avicultura brasileira?