Congresso da APA confirma crescente evolução dos últimos quatro anos

Congresso da APA confirma crescente evolução dos últimos quatro anos

Repetindo o sucesso de público de 2013, o evento promovido pela APA, no entanto, vê cair a participação do avicultor do próprio Estado de São Paulo.

Ovonews

abril 06, 2014

0
../../arquivos/img/2014/4/598_1372_conteudo_g.jpg
Participação maior da plateia este ano

A evolução do temário e a crescente participação do setor de postura no Congresso da APA vêm acrescentando o selo de imprescindível ao mais importante evento da postura comercial paulista. Por sua tradição e também pela evolução dos últimos anos, o Congresso tem conquistado ainda a presença de avicultores da maioria dos núcleos produtivos do país, sendo que este ano, também contou com a adesão de congressistas de outros países da América Latina.

A força e a expressão do Congresso da APA também conquistaram as empresas patrocinadoras, o que significou a comercialização de quase cem por cento das cotas oferecidas pelo evento que aconteceu entre 25 e 27 de março, na cidade de Ribeirão Preto (SP).

Ajustado na logística e adequado no temário, o Congresso da APA 2014 foi mais uma vez o sucesso esperado, com mais de 500 inscritos e a participação bem mais expressiva dos congressistas durante as palestras. Na plateia, estudantes, avicultores, técnicos, profissionais da avicultura das variadas áreas, especialistas do setor público e privado, juntos, para debater mercado, sanidade, produção, marketing, varejo, nutrição, manejo, enfim, a avicultura no Brasil e no mundo; além disso, ficou evidente o prestígio político sinalizado pela presença dos principais líderes da cadeia avícola de postura e as autoridades responsáveis por representar a agropecuária junto ao governo do Estado de São Paulo.

../../arquivos/img/2014/4/598_1365_conteudo_g.jpg
Bottura: evento se mantém em Ribeirão Preto, em 2015

“Nos últimos quatro anos, o congresso está numa crescente evolução, com crescente participação, e se temos participação crescente é porque as coisas estão se tornando interessantes. É nosso objetivo continuar crescendo, tentando melhorar o temário de tal forma que seja atrativo e com inovações que possam contribuir para a evolução do setor produtivo de ovos”.  A avaliação é do médico veterinário José Roberto Bottura, diretor da APA e coordenador do Congresso da APA, e demonstra a força que o evento vem obtendo ao longo dos últimos quatro anos. Lembrando que o Congresso de 2015 será mantido no Centro de Eventos de Ribeirão Preto, local que tem agradado aos congressistas, Bottura confirma que o evento acontecerá no mês de março, como já se tornou tradição.

Este ano, a comissão organizadora mesclou os principais temas da postura na atualidade com as oportunidades e desafios da avicultura na próxima década. O que é preciso fazer para que o produtor avance hoje, vencendo os pontos críticos da nutrição, do manejo e da tecnologia. O que ele pode usufruir para lançar mão de melhores dias na gestão, usando a tecnologia, a biossegurança, a sanidade e o meio ambiente a seu favor.

 

O jovem executivo Eduardo Souza Pinto, da H&N Internacional, abriu a programação, no primeiro dia do evento, mostrando a avicultura de postura no mundo, como se faz hoje, como se fará daqui a pouco, numa visão amplificada do túnel do tempo ao contrário, olhando para a frente e indicando mudanças não para um futuro distante, mas para daqui a pouco, talvez já.

../../arquivos/img/2014/4/598_1371_conteudo_g.jpg
Henk Haaring e Julio Cesar Palhares: economia e meio ambientes juntos

 

O MARKETING E A ADMINISTRAÇÃO DOS DEJETOS

O meio ambiente e a economia andaram juntas nas palestras de Julio Cesar Palhares, pesquisador da Embrapa e professor da USP de Pissassununga (SP), que falou sobre a riqueza do manejo de resíduos provenientes da avicultura de postura. Esse também foi o tema do panorama mostrado por Henk Haaring, da Universidade de Wageningen, na Holanda. De forma didática e bastante ilustrativa, Haaring demonstrou como é possível ganhar dinheiro organizando profissionalmente a tecnologia do tratamento de excretas na melhora dos aspectos financeiro, sanitário e ambiental. Os holandeses manejam o esterco da ave de forma a transformá-lo em pelets, exportando o produto para a Alemanha. Por aqui, parece que ainda temos dificuldade em entender como isso é importante para o ambiente e para os ganhos da própria granja.

../../arquivos/img/2014/4/598_1366_conteudo_g.jpg
Cristian Dieterich: marketing

Tema recorrente e persistente nos eventos da avicultura, o marketing também não faltou e foi muito bem apresentado por Cristian Dieterich, da Alltech do Brasil. Em sua palestra Marketing de ovos diferenciados, Dieterich mostrou a variedade e a criatividade a serviço dos ovos produzidos para nichos específicos do mercado. Ressaltou, especialmente, o exemplo da Colômbia, onde uma importante granja do país investiu em produtos específicos para o homem, para a mulher, para o esportista, para a criança... ampliando seu público e valorizando o ovo enquanto alimento múltiplo, eclético, saudável e importante para todos os tipos de público e para a família como um todo.

Por que ainda não conseguimos entender isso, se parece tão óbvio? É o que também questionou a representante do Grupo Pão de Açúcar, Eliane Santana, que destacou a importância do marketing no varejo, valorizando o ovo como produto nas gôndolas dos supermercados.

../../arquivos/img/2014/4/598_1368_conteudo_g.jpg
Giovani Magri, do BB, e Marcelo Lima, da Agroinfo: recursos e informática

 

OS RECURSOS FINANCEIROS E A GESTÃO NAS GRANJAS

A gestão empresarial ganhou espaço também no Congresso da APA. O tema foi apresentado sob as diversas vertentes que envolvem a administração de uma granja, inclusive a tecnologia e os recursos para empreender projetos diversos na empresa.

A comissão organizadora levou ao congresso o executivo Giovani Morangueira Magri, gerente do mercado de agronegócios do Banco do Brasil, para apresentar os créditos e financiamentos disponíveis para as empresas avícolas. Foi uma palestra com bastante participação do avicultor e de empresas prestadoras de serviços para o setor, sempre interessados em obter respostas para a evolução e automatização das granjas. Há muita dificuldade ainda das instituições financeiras em oferecer um pacote exclusivo para o setor de postura; e há, naturalmente, pouca organização dos produtores em torno desse assunto, exigindo algo mais bem direcionado para a área.

Marcelo Lima, da Agroinfo Tecnologia da Informação, apresentou, a importância e os critérios e as respostas da informática para o dia a dia das granjas. Com experiência de 15 anos em granjas de produção de ovos, Marcelo Lima traçou um panorama da informática no Brasil, lembrando os velhos sistemas e computadores que deram início à era da tecnologia em nosso país e como esse conhecimento chegou às empresas avícolas até os dias de hoje.

Sua palestra Gestão da produção de ovos com o uso da informática revelou como o produtor de ovos já dispõe de ferramentas avançadas para inserir sua granja no futuro que já chegou. É preciso ousadia para enxergar a realidade; como disseram muitos dos palestrantes, não é de hoje que o futuro não para de bater à porta.

../../arquivos/img/2014/4/598_1369_conteudo_g.jpg
Fernando Buchala, Edir Nepomuceno, Dilmara Reischak e Victor Garcia: a sanidade foi debatida sob diversos aspectos

 

A SANIDADE NA POSTURA

Da mais alta importânc no cenário avícola brasileiro, a questão sanidade foi o tema do último painel do Congresso da APA este ano. No dia 27, na parte da manhã, renomados especialistas falaram sobre o tema, destacando o momento atual de graves riscos para doenças das aves.

A laringotraqueíte infecciosa – que pegou o setor de surpresa em 2002, quando atingiu planteis de Bastos (SP), e, na sequência, os núcleos de Guatapará (SP) e Itanhandú (MG) – mereceu um panorama apresentado por Fernando Gomes Buchala, do Programa de Sanidade Avícola da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Tendo acompanhado par e passo o problema da laringo no Estado de São Paulo, Buchala pode apresentar aos congressistas a evolução no acompanhamento para controle dessa doença, um ponto que uniu avicultores, especialistas e governo e que passou lições muito importantes para todos.

Falando sobre Salmonella na avicultura, o eminente especialista Edir Nepomuceno da Silva, presidente da WSPA - siga em inglês da Associação Mundial de Ciência Avícola – destacou o cenário atual da salmonelose no Brasil e mostrou as principais fontes de contaminação dos lotes de poedeiras por salmonelas, demonstrando os mecanismos para rastrear as salmonelas, ou seja, técnicas do processo conhecido como “da granja até a mesa”. Também falou sobre a ocorrência de tifo aviário, que afeta, principalmente, galinhas na fase adulta durante a produção e que têm ocorrido em lotes de aves em diversas partes do mundo.

Boas notícias chegaram na penúltima palestra do painel com Dilmara Reischak, fiscal federal agropecuária do Laboratório Nacional Agropecuário, o Lanagro. Ao mostrar a estrutura e o funcionamento do Lanagro na palestra Monitoramento da influenza aviária e da doença de Newcastle no Brasil, Dilmara destacou que o Lanagro-SP possui implantadas em sua rotina todas as provas necessárias para a detecção molecular e convencional do vírus da influenza aviária e do vírus da doença de Newcastle, bem como para a caracterização de patogenicidade dos agentes detectados. A palestrante disse, ainda, que atualmente o laboratório está preparado para oferecer diagnóstico em 24 horas para amostras de Newcastle.

Uma das palestras mais aguardadas do congresso, Lições e aprendizados com biossegurança, a experiência mexicana com a influenza aviária demonstrou as dificuldades e necessidades vividas pelo México diante do surto de influenza aviária vivido pelos produtores de ovos e frangos daquele país. Quem apresentou o panorama aos congressistas foi o Prof. Victor M. Petrone Garcia, da Universidade Nacional Autônoma do México. Ele mostrou como a doença atingiu o país que possui o maior consumo per capita de ovos do mundo, apontando as falhas e as dificuldades vividas pelos produtores diante da política governamental mexicana.

E foram justamente a sanidade e os cuidados com a prevenção da influenza aviária os pontos abordados e ressaltados pelos líderes avícolas e pelas autoridades governamentais durante a abertura do Congresso da APA este ano. Todos estão muito preocupados com a Copa do Mundo, num primeiro momento, e com as Olimpíadas, num segundo momento. Por isso, alertaram os avicultores para o perigo de visitas de estrangeiros a suas granjas sem o devido e rígido acompanhamento das regras sanitárias que todos conhecem.

FALTOU AVICULTOR PAULISTA

Sucesso no número de inscrições, plateia lotada e participativa, palestras realmente consistentes e organização primorosa. Parece não ter faltado nada para o completo sucesso da 12ª edição do Congresso da APA 2014. No entanto, faltou sim! Faltou o avicultor do Estado de São Paulo, para quem, em tese, o congresso é dirigido. Com poucos representantes de granjas paulistas, o evento que vem ganhando a preferência de produtores de todo o país e até da América Latina se ressentiu da falta de participação do “maior produtor de ovos do Brasil”, o paulista.

“Apesar de termos um número cada vez maior de pessoas participando das palestras e se manifestando, o que chama a atenção é a participação cada vez mais baixa do produtor do nosso próprio estado. Nós tivemos muito mais produtores de fora do estado – de Minas, do Ceará, de Pernambuco, do Paraná, do Amazonas – e pouco de São Paulo”, lamenta José Roberto Bottura, coordenador do evento. De olho na organização do próximo ano, que promete ainda maior evolução, Bottura ressalta como urgente a presença dos paulistas num evento que tem o nome da entidade que os representa. “Nós promovemos o congresso com muito carinho para o Estado de São Paulo, que continua sendo o líder em produção de ovos; mas é preciso mais participação”, acentua o coordenador, para quem a participação do avicultor junto a sua entidade representativa deve ser contínua, necessária para que se discuta tudo em conjunto, tanto os problemas do setor – pontuais, muitas vezes -, quanto as conquistas que merecem ser compartilhadas. “Uma andorinha só não faz verão”, ressalta Bottura, lembrando o velho ditado sempre atual para qualquer setor produtivo do país, em qualquer tempo.

(A Hora do Ovo)

0 Comentários