Automação cresce nas granjas brasileiras

Automação cresce nas granjas brasileiras

É o que aponta esta reportagem de Elenita Monteiro publicada na edição impressa de fevereiro da revista A Hora do Ovo.

Ovonews

março 23, 2014

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Impulsionada pela capitalização do produtor nos últimos anos e pelas boas perspectivas do mercado, a modernização nas granjas brasileiras foi expressiva em 2013. O cenário é de otimismo para 2014. É o que aponta a reportagem feita pela jornalista Elenita Monteiro, editora da A Hora do Ovo. Entrevistando profissionais do setor de tecnologia de aviários do Brasil, Elenita ouviu palavras de otimismo e registrou uma verdadeira análise sobre o crescimento da automação no setor de postura, reportagem que foi veiculada na edição nº 65 da revista A Hora do Ovo, impressa e distribuída no mês de fevereiro por todo o país, gratuitamente. Acompanhe.

Em 1999 surgia a notícia de que estava em construção no Brasil o primeiro aviário de poedeiras comerciais totalmente automatizado. Entre dúvidas, desconfiança e admiração no mercado, começava ali, com o surgimento do Aviário Mantiqueira, em Itanhandu, no Sul de Minas Gerais, uma evolução na avicultura industrial brasileira. O empreendedor Leandro Pinto, sócio daquela granja que estreava já totalmente moderna, não deixou por menos: investiu logo em um equipamento espanhol (marca Zucami) com baterias verticais de seis pisos na produção, área de cria também moderna, sala de ovos gigante e automatizada em todos os pontos, com destaque para o sistema de classificação e embalagem (marca Diamond).

Era a primeira granja de poedeiras a nascer no Brasil já totalmente automatizada. E era de encher os olhos, como é até hoje para quem visita a unidade na Serra da Mantiqueira (MG) e em Primavera do Leste (MT), esta, uma unidade que surgiria anos depois, impulsionada pelo sucesso do empreendimento em Minas.

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Fuji, da Anfeas: cenário otimista

Hoje, esse espanto diante da automatização faz parte do passado. Tem crescido o desejo e a necessidade por automatizar. O mercado do ovo acena para um panorama de crescimento no consumo interno e de conquista de mercado externo. E para atender a essa demanda que se desenha no horizonte, a produção deverá ser em grande escala, e quem ambiciona estar pronto para navegar nesta onda precisa crescer.

Não é só o grande produtor que tem investido em automatização; é cada vez mais frequente granjas de médio porte automatizarem aos poucos, conforme investem em ampliação de seus lotes de poedeiras. É comum granjas com sistemas convencionais ou semi-automatizados ao lado de galpões 100% automatizados, sejam em baterias verticais ou piramidais. Dessa forma, o leque das possibilidades são inúmeras, pois o produtor está entendendo que não é necessário a ousadia de um Leandro para automatizar tudo de imediato. É possível fazê-lo de maneira gradual, aprendendo com o processo, ir optando inclusive por marcas diferentes em cada novo galpão, experimentando, entendendo o que é mais adequado para a granja dependendo de sua localização topográfica, clima, umidade, nível de qualificação dos funcionários e, claro, custo de instalação e tipos de financiamento disponíveis em cada fabricante.

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Yoshikawa, da Artabas Facco: investindo no crescimento

Tendência irreversível

Com algumas variações, a frase que mais ouvi nas entrevistas feitas para esta reportagem foi: “A automatização dos aviários é uma tendência irreversível”. Essa tendência nunca pareceu tão evidente quanto agora.

Com o produtor tendo se capitalizado com o bom preço do ovo ao longo dos últimos dois anos, e decidido investir, houve uma aceleração nos projetos de ampliação de aviários e muitos dos grandes e médios produtores optaram por galpões automatizados, salas de ovos mais modernas, controles de produção mais sofisticados, controle de temperatura e outros itens de ambiência que vão se tornando obrigatórios com as constantes perdas devido ao calor cada vez mais intenso.

Carlos Fuji, 1º secretário executivo da Anfeas, a Associação Nacional dos Fabricantes de Equipamentos para Aves e Suínos, confirma: 2013 foi “um ano espetacular” para os fabricantes de equipamentos de aviários de postura. Para ele, está claro que os produtores estão não somente procurando investir em automação, mas pesquisando as melhores alternativas, buscando qualidade nesse investimento. “Fatores como a mão de obra mais escassa e mais cara, e o forte calor ambiental – que prejudica a produção e o adensamento das aves – têm levado muitos empresários avícolas a buscar soluções que equacionem essas dificuldades”, afirma Fuji, apontando que os projetos de modernização dos aviários têm levado em consideração soluções como o monitoramento total do ambiente, que leva a menos perdas de produtividade e maior controle da produção.

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Moterani, da Kilbra: opções variadas

A velocidade com que essa modernização se dará, no entanto, dependerá naturalmente do ritmo da lucratividade dos produtores. “Dependerá do quanto o mercado conseguirá se ajustar diante de fatores como o maior alojamento de poedeiras no ano passado e como será a oferta de grãos para a ração animal”, indica Fuji.

Fábricas crescem no Brasil

As empresas brasileiras que atendem ao mercado estão abertas às novas exigências e necessidades do produtor na automação de seus galpões e salas de ovos. Uma das mais tradicionais fabricantes de equipamentos para a avicultura no Brasil é a Artabas, que está localizada em Bastos (SP) e é uma demonstração do aquecimento do mercado. Em 2013 ela fez um contrato societário com a italiana Facco, visando justamente o aumento da competitividade, ampliação do portfólio e maior produção para atender sua grande demanda.

Leandro Yoshikawa, diretor comercial da Artabas Facco, mostrou para a reportagem da A Hora do Ovo, com orgulho, o parque fabril da empresa que, nos últimos seis meses, cresceu 3 mil metros quadrados e continua ampliando para receber, em breve, novos maquinários para ampliar a produção. “O desejo do mercado é automatizar”, aponta Leandro, que enxerga várias tendências acontecendo ao mesmo tempo. É o caso do pequeno produtor, que só pode melhorar aos poucos – automatizando o fornecimento de ração, por exemplo; ou o produtor médio que, na hora de ampliar o alojamento, opta por galpões semi-automatizados ou automatizados em baterias de gaiolas piramidais, em galpões tipo californianos, que exigem menos investimentos. E há ainda aqueles que partem para a automatização total, com bateriais verticais e galpões fechados, onde o ambiente e a produção podem ser integralmente controlados e que, naturalmente, exigem um investimento muito maior.

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Sadala, da Big Dutchman: metas cumpridas 

Vitalizada e mais moderna, a Artabas Facco está preparada para atender a todas essas necessidades. Sem citar números, Leandro aponta que 2013 foi um “ano surpreendentemente bom para a automação” e que a expectativa da empresa é que 2014 continue favorável para o crescimento dos aviários e, consequentemente dos negócios da fábrica. “Em 2014, o fornecimento de crédito para a compra de equipamentos vai se manter, ainda que a taxa de juros tenha aumentado um pouco, mas nada que desestimule os investimentos”, confia.

Outra empresa que se preparou para atender à crescente demanda é a Kilbra, instalada em Birigui (SP), também tradicional na avicultura brasileira e que praticamente dobrou seu parque fabril nos últimos anos. De acordo com Paulo Moterani, diretor comercial da empresa, a Kilbra teve um aumento de 60% em suas vendas no ano passado e já abriu 2014 com boas perspectivas de ampliação, inclusive no mercado externo. A empresa tem uma leque grande de opções e está antenada com as mudanças que possam surgir no horizonte, como a procura por aviários com gaiolas enriquecidas

“A automação é um processo sem volta, pois os produtores buscam constantemente baixar custos, diminuir desperdícios e aumentar a produtividade”, ressalta Moterani. Ele acredita que 2014 possa ter um leve recuo na demanda interna, mas nada significativo. Hoje com uma forte carteira de clientes, a Kilbra tem seus aviários espalhados pelo país. “Atendemos a todos os tipos de clientes, desde aqueles que buscam automatizar galpões com 20 mil aves, até os maiores, que optam por 150 mil aves por galpão. Todos buscam reduzir a mão de obra – que está a cada dia mais escassa -, reduzir desperdícios no abastecimento de ração e evitar ovos sujos e trincados”, diz o diretor comercial da Kilbra.

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Santana, da Helmann Poultry: qualidade

A multinacional Big Dutchman também tem ampliado sua atuação em postura comercial no Brasil, principalmente após a inauguração em 2012 de sua fábrica em Araraquara (SP). O resultado veio rápido, de acordo com Sadala Tfaile, gerente nacional de vendas em postura comercial. “Tivemos um crescimento de 300% nas vendas em 2013, cumprindo nossa meta”. E Sadala está otimista com 2014. “Os produtores continuarão investindo na automação. Devemos olhar a médio e longo prazos. A avicultura de postura nos próximos anos terá uma mudança significativa nos conceitos e sistemas de produção. A melhora na produtividade está ligada diretamente à automação e ambiência.”

Bem atenta a esse espaço a conquistar nas granjas brasileiras está também a Helmann Poultry, empresa alemã que começa a estruturar uma atuação mais efetiva na América Latina. Está em seus planos implantar uma linha de produção no Brasil. O executivo Ricardo Santana, ex-Big Dutchman, assumiu em outubro passado o desafio de alinhavar essa conexão entre Alemanha, Brasil e América Latina. Com o cargo de diretor de vendas latinoamérica, Ricardo Santanna vê o mercado brasileiro como altamente promissor. “A automação vem sendo apontada como o caminho mais promissor a ser seguido e estamos, finalmente, incorporando-a à produção de ovos, algo que já está altamente difundido em outros segmentos de animais confinados. Isso certamente ajudará a indústria a entrar no mercado mundial com produtos de qualidade e baixo custo.”

Cenário positivo em 2014

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Silva, da Munters: números excelentes

Empresas que trabalham com itens que complementam a automatização, como sistema de bebedouros, coleta de ovos, entre outros, naturalmente cresceram junto com a venda de sistemas de gaiolas automatizadas e máquinas para salas de ovos.

A Munters, por exemplo, teve um crescimento em vendas de 100% de seus equipamentos para ambiência, com destaque para o sistema de ventilação tipo túnel com placa evaporativa, que controla a temperatura, ventilação e umidade dos aviários. Quem informa é Mariovaldo Silva, diretor comercial da empresa, que espera para 2014 outro número excelente: crescimento de mais 50%.

Marcos Quito, gerente comercial da Lubing do Brasil, também destaca que as vendas em 2013 ficaram num patamar bastante especial, tendo atingido um pico alto em novembro. Tradicional no fornecimento de sistemas de bebedouros, de coleta de ovos e de climatização, a Lubing tem condições de atender a vários tipos de sistemas de gaiolas automatizadas e, por isso, tem amplo espaço para mais crescimento. Porém, cauteloso, Marcos Quito não arrisca dar uma margem de ampliação para 2014, embora esteja otimista. “Não tivemos a tradicional desaceleração de vendas em janeiro, o que já é um sinalizador bastante positivo”. 

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Quito, da Lubing: sinalizador positivo

Para o secretário executivo da Anfeas, Carlos Fuji, o cenário aponta para a continuidade do processo de automação mas como será o seu ritmo em 2014 ainda é uma incógnita. “Estamos otimistas, mas sem euforia”. Para a Anfeas, diz Fuji, mais importante que a automação na postura comercial acontecer rapidamente é acontecer de maneira correta. “É importante que o processo de modernização aconteça de maneira cadenciada, planejada e muito bem ajustada à realidade do mercado do ovo. Aí, sim, estaremos fazendo a coisa certa.”

Na Yamasa, agenda é promissora para 2014

Tradicional indústria de equipamentos para avicultura, a Yamasa encerrou 2013 com um aumento de 30% em suas vendas para o Brasil, confirmando o bom momento vivido pelos produtores de ovos. Nelson Yamasaki, diretor presidente da Yamasa, acredita que em 2014 esse ritmo de vendas continue, “Esperamos crescer entre 30% e 40% neste ano”.

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Yamasaki: otimismo para 2014

E motivos para o otimismo não faltam. Muitas granjas de grande porte ampliaram suas salas de ovos no ano passado e optaram pela tecnologia Yamasa. Há alguns anos a Yamasa vem investindo firme no aprimoramento de sua linha de máquinas de grande porte, desenvolvendo também acessórios importantes, como o detector de fissuras em ovos e o pré-loader. 

“Soubemos entender a necessidade do mercado, pesquisamos, investimos, tudo para estarmos preparados para o crescimento da avicultura brasileira, que tem um potencial enorme de evolução”, afirma Nelson, que hoje vende não só para o Brasil como para mais de 20 países.

Um sinalizador claro de que 2014 será um ano de mais crescimento para a Yamasa é o negócio que Nelson Yamasaki fechou recentemente com o Grupo Globoaves. O executivo Roberto Kaefer, diretor comercial da Globoaves, esteve com seu staff na fábrica da Yamasa, em Rinópolis (SP), no mês de dezembro, quando fechou com Yamasaki a compra de equipamentos da linha YHD para instalação em todos os incubatórios do grupo. “É uma honra a Globoaves optar pela Yamasa para modernizar seu sistema de classificação dos ovos a incubar”, ressalta Nelson, que já começou 2014 com uma agenda comercial para lá de promissora. 

(Elenita Monteiro – A Hora do Ovo)

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