Avicultura amazonense: atendendo o mercado em 100%

Com cerca de 80 granjas, a maioria instalada na região metropolitana de Manaus (AM), o setor avícola produtor de ovos tem crescido no estado do Amazonas nos últimos anos. Atualmente, são produzidos mensalmente 50 milhões de unidades, o que, estimam as autoridades agrícolas do estado, garantem a autossuficiência da região. O setor foi alavancado por imigrantes japoneses, que chegaram à região na década de 1960 e 70.

Vinte anos depois, o estado contava com cerca de 5 mil aves produzindo 200 mil ovos/mês, em média. Hoje, as granjas amazonenses têm 2 milhões de aves em produção. Além da região metropolitana da capital, outros 26 municípios do estado investem na avicultura. São 825 pessoas cadastradas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab.

Embora tenha evoluído, a avicultura do Amazonas convive com alguns gargalos comuns a algumas regiões do país. Um deles é a necessidade de “importar” milho de outros estados, necessário para a formulação da ração, já que o Amazonas não cultiva o cereal em grande escala. Shigeteru Sakamoto, presidente da Associação Amazonense de Avicultura, avalia como satisfatória a participação da avicultura na região, porém, o avicultor confirma a realidade local. “Por não produzir insumos aqui perdemos recursos e, quando o estado entra na negociação dos preços, afeta de modo negativo o setor”, avalia. Para ele, falta vontade política para fomentar a avicultura e a agricultura no Amazonas. “É estranho, mas enfrentamos os mesmos problemas que na década de 1970, quando cheguei ao Amazonas”, analisa Sakamoto.

Segundo ele, a saca de 60 quilos do produto oriundo de Rondônia ou Mato Grosso custava em outubro de 2011 entre R$ 32 e R$ 34; hoje, varia entre R$ 40 a R$ 42. Por mês o estado consome mais ou menos 5 mil toneladas de milho. Os avicultores precisam ainda se programar quanto ao trânsito desse insumo, que leva em média 20 dias para chegar a Manaus. A mesma dificuldade é enfrentada em relação aos demais insumos.

Segundo o titular da Secretaria de Produção, Eron Bezerra, não há a mínima possibilidade dos produtores que cultivam milho produzirem para a avicultura. “É simples. Um hectare de milho verde rende até R$ 10 mil, enquanto que o milho seco, apenas R$ 2 mil”. 

De acordo com a Conab, a representatividade do Amazonas na produção de milho é de 0,03% em relação aos demais estados brasileiros. A expectativa da instituição é de que o ano encerre com uma produção de quase 37 toneladas de grãos de milho. 

(Com informações da reportagem de Renata Magnenti, do jornal A Crítica, de Manaus)