Simpósio de Jaboticabal realiza com sucesso sua 16ª edição
Mais uma vez o evento reuniu a cadeia avícola na Unesp de Jaboticabal e cumpriu o objetivo de debater e oferecer soluções práticas para o segmento de postura.
Uma mescla dos diversos setores da postura comercial brasileira marcou presença no XVI Simpósio de Atualização em Postura Comercial, evento tradicional da Unesp de Jaboticabal, que apresenta para debates temas fundamentais para o segmento no país.
Este ano a alta qualidade dos debates e os temas propostos levaram ao centro de convenções da Unesp, no interior de São Paulo, quase 300 pessoas, entre avicultores, profissionais do mercado, estudantes, especialistas da indústria e da pesquisa. O encontro, que aconteceu entre os dias 11 e 13 de setembro, no campus da Universidade, em Jaboticabal (SP), abriu a programação com seu tradicional minicurso, com destaque para o tema da qualidade do ovo.
O sucesso do simpósio começou já nesse primeiro dia, com uma plateia disposta a aprender, entender e debater os diversos pontos que convergem para a produção de ovos com qualidade. E para isso, a equipe de coordenadores convidou para falar aos presentes profissionais dos segmentos de manejo, ambiência, nutrição, máquinas, com destaque para a monitoria em classificação de ovos e a manutenção de equipamentos.
Na coordenação geral do Simpósio, José Eduardo Costa, Nilce Maria Soares e Silvana Martinez Baraldi Artoni, seguindo a tradição de organizar um evento sempre em dia com os desafios do segmento de postura A sintonia entre a academia e o mercado foi destacada na abertura oficial do simpósio, no dia 12 de setembro, pela Profa. Dra. Janete Aparecida Desiderio, vice-diretora da Unesp/FCAV, e pela Profa. Dra. Maria Cristina Thomaz, diretora-presidente da Funep (Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão). Na ocasião, elas compuseram a mesa da cerimônia de abertura, ao lado de José Roberto Bottura, diretor técnico da APA, a Associação Paulista de Avicultura, co-promotora do simpósio. Bottura representou o presidente da entidade, Érico Pozzer.
O MINICURSO QUALIDADE DO OVO
O zootecnista Diogo Ito, da Hisex/Hendrix Genetics, abriu o minicurso do 16º Simpósio de Atualização em Postura Comercial da Unesp/Jaboticabal (SP), no dia 11 de setembro, a partir das 14 horas. Ito abriu o tema Qualidade do Ovo abordando as questões de ambiência, destacando que a qualidade do ar – e, consequentemente, o conforto térmico das aves – tem efeito direto sobre a qualidade do ovo. Apontou também as diferenças entre ave branca e vermelha em relação ao peso corporal e densidade e discorreu sobre as características dos galpões californianos e automáticos e a relação de cada sistema sobre a produção de ovos.
Vários profissionais que atuam com equipamentos para aviários falaram sobre a importância do manejo correto das tecnologias implantadas nas granjas. Pedro Henrique Pereira Spinardi, da Artabas, falou sobre a necessidade de ações preventivas de limpeza e manutenção especialmente das esteiras transportadoras dos ovos, que se não forem bem cuidadas podem prejudicar a qualidade dos ovos.
Alberto Yamasaki, engenheiro da Indústria de Máquinas Yamasa, tratou do tema Máquinas classificadoras: usos e cuidados para melhores resultados. Alberto alertou que as máquinas classificadoras de ovos devem sempre ser bem ajustadas e utilizadas corretamente para que a qualidade do ovo seja mantida na ponta final da linha de produção da granja. A Yamasa é a mais tradicional fabricante brasileira de máquinas de lavar, classificar e embalar ovos.
O manejo e a nutrição também foram abordados como temas influentes na busca pela qualidade do ovo. Fatores nutricionais que afetam a qualidade da casca do ovo foi o foco do zootecnista Otavio Antonio Rech, da DSM, em sua palestra. Profissional com grande experiência em postura comercial, não só no Brasil como em toda a América Latina, Otávio Rech abordou os desafios que representa para a produção de ovos a evolução genética que levou as aves a produzirem até 500 ovos ao longo de seu ciclo de vida, sem muda forçada. Para ele, são três os pilares para se obter a melhor qualidade da casca do ovo: manutenção da estrutura óssea da ave no tamanho correto, o bom metabolismo da vitamina D para beneficiar o fígado e rins da poedeira, e cuidar da boa absorção intestinal dos alimentos.
Ramiro Delgado, diretor técnico Nutriavicola S.A., grande empreendimento avícola do Paraguai, falou sobre a importância do manejo e da nutrição das aves para o sucesso comercial da granja. É que a nutrição adequada das poedeiras é fator determinante para a produção de ovos com boa aparência – principalmente a cor da casca – e com qualidade interna, que levam à maior opção de compra pelo consumidor.
Cleison Marques de Neira, da empresa Trouw Nutrition, encerrou a programação do minicurso Qualidade do Ovo, no dia 11, apresentando tecnologias para o produtor fazer monitoria das perdas de ovos durante o processamento do produto na granja. Segundo ele, dados da Embrapa apontam que até 12% dos ovos produzidos têm problemas de casca, sendo que de 3% a 10% são por rupturas da casca. Cleison garantiu ser possível ter essas perdas abaixo de 3% com a monitoria correta durante o processamento dos ovos.
O SIMPÓSIO
A programação do 16º. Simpósio de Atualização em Postura Comercial teve início na manhã do dia 12 de setembro, com o auditório do centro de convenções da Unesp de Jaboticabal lotado. Daniel Valbuena, gerente da América Latina da Hy-Line Internacional, apresentou o tema Panorama sanitário das granjas de postura comercial na América Latina: desafios e soluções. Valbuena fez ótima palestra falando sobre a importância do vazio sanitário – período destinado à limpeza e desinfecção dos aviários antes de novos alojamentos. Chamou a atenção para o fato de que o vazio sanitário é fundamental para a biosseguridade da granja. “O produtor sempre fica preocupado de deixar os galpões vazios porque sente que está perdendo dinheiro”, apontou, alertando que é justamente o contrário: ao fazer o vazio sanitário corretamente e, pelo menos num prazo de 8 a 15 dias, estará economizando, pois evitará doenças, melhorará a performance do plantel e, com isso, vai ganhar mais dinheiro a longo prazo.
Baseando-se em pesquisas realizadas no câmpus da Unesp de Jaboticabal, entre outras abordagens, o zootecnista Matheus de Paula Reis apresentou a palestra Atualização das exigências nutricionais para as poedeiras no Brasil. Matheus, que é pós-doutorando em modelagem, com ênfase em animais monogástricos, na Unesp/FCAV – Jaboticabal (SP), destacou, especialmente, os aminoácidos na alimentação das aves, já que, como disse, o tema de exigências nutricionais é muito amplo.
Lembrou que a formulação da ração deve obedecer às exigências nutricionais da genética e pôs em questão a dúvida que sempre fica: qual o valor que devemos utilizar na hora de formular a ração, já que diversos fatores devem influenciar o consumo de aminoácidos pelas aves. “Entre eles, podemos citar o potencial genética, qualidade da dieta, o ambiente... são fatores que podem influenciar a exigência nutricional”, ressaltou, lembrando mais uma vez que a exigência nutricional é um tema controverso.
Outro tema bastante complexo e denso apresentado durante o simpósio foi Potencializando as defesas antioxidantes em poedeiras comerciais: impacto na qualidade de ovos, no status imunológico e na produtividade das aves. A palestra foi apresentada por José Guilherme Gonçalves, da Adisseo, que tratou das defesas antioxidantes para a saúde da ave, levando-se em conta diversos fatores, entre eles, a genética, o ambiente, as condições de manejo. “É esse equilíbrio entre os diversos fatores que se senta buscar”, disse ele.
Ele falou, especialmente, sobre onde “nascem” os radicais livres, responsáveis por reduzir as defesas da ave, influenciando na sua qualidade de vida. “A produção de radicais livres é a arma principal do processo imunológico”, frisou
Entre outros temas, o 16º. Simpósio de Atualização em Postura Comercial também destacou a coturnicultura e o manejo sanitário necessário na criação de codornas do primeiro dia de vida ao descarte das aves. O tema foi apresentado pelo médico veterinário Paulo Renê Da Silva Junior, consultor em coturnicultura.
Ele traçou um panorama sobre as medidas para preservar a sanidade das codornas, desde a chegada das codorninhas de 1 dia. E ressaltou: “Uma prioridade é a desinfecção correta na entrada da granja, tanto das pessoas quanto dos veículos. É importante não economizar em desinfetantes, porque essa seria uma ‘economia’ que pode custar muito mais caro”.
Outro tema bastante atual foi Alternativas ao uso de antibióticos para poedeiras, abordado por Alberto Inoue, médico veterinário com ampla trajetória na avicultura, hoje liderando a unidade de negócios de Saúde Animal da Chr. Hansen no Brasil.
A multinacional dinamarquesa Chr. Hansen está focada desde sua origem em produtos naturais e é reconhecida por sua preocupação com a produção animal sustentável. Nesse sentido, Inoue focou sua palestra nos produtos alternativos a serem considerados pelos avicultores e técnicos avícolas para substituir os antibióticos, o que é uma tendência mundial.
No encerramento do 16º Simpósio de Atualização em Postura Comercial da FCAV/Unesp, em Jaboticabal (SP), a palestra objetiva de Marcelo Delgado Barbosa, diretor de operações em avicultura do Grupo Mantiqueira, fechou o evento com sucesso.
Administrador com MBA em gestão empresarial pela FGV e especialização em gestão agroindustrial pela Universidade Federal de Lavras (MG), Marcelo é médico veterinário e atua na Mantiqueira desde o início deste ano.
Destacou ainda a importância de um monitoramento de tudo o que acontece na propriedade, avaliar o que é “gasto” e o que é “investimento” e alertou: "Para definir o que é custo e o que é investimento é preciso saber o que a empresa quer, e definir bem seus projetos em cada item: genética, nutrição, vacina, insumo, manutenção, automação".
Tudo isso deve acontecer sem perder de vista o tempo em que vivemos, no qual estamos lidando com um cliente eternamente insatisfeito: “O cliente está sempre querendo algo novo, e a granja precisa estar permanentemente atenta para isso. Precisamos saber como o ‘nosso’ consumidor enxerga o que fazemos, qual seu nível de exigência, e, claro, procurar atendê-lo, sabendo como vamos adaptar nossas empresas às mudanças do mercado”.
(A Hora do Ovo, em cobertura especial no 16º. Simpósio de Atualização em Postura Comercial. Unesp de Jaboticabal – SP. Fotos: Teresa Godoy)
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