Muitos fatores ocuparão o pensamento e a ação dos produtores de ovos num futuro nada distante. Algumas dessas reflexões requerem uma ação atualizada do gestor de uma empresa produtora de ovos. Vale destacar as mais importantes e urgentes neste momento de importantes mudanças no cenário avícola brasileiro e internacional.

A segurança biológica e alimentar vem em primeiro lugar e, nesse sentido, ressalto as exigências do Ministério da Agricultura para a obtenção do Registro de Estabelecimento Avícola Comercial (IN 56/2007), com medidas higiênico-sanitárias e de biossegurança. Sem dúvida, o item mais polêmico, e ainda em discussão, é o telamento dos galpões, que tem prazo limite para sua instalação em dezembro deste ano. Em reunião realizada durante a Avesui 2012, em abril, na capital São Paulo, a Embrapa Suínos e Aves se comprometeu, junto a avicultores e entidades presentes, a realizar um estudo sobre a eficiência do telamento, assim como discutir recomendações para a construção de galpões no futuro, priorizando as melhores práticas com relação à biossegurança das granjas de ovos. “A partir do estabelecimento do cronograma dessa pesquisa, o grupo de trabalho coordenado pelo Instituto Ovos Brasil e pela Ubabef, pretende encaminhar a proposta ao MAPA” (fonte Mercado de Ovos).”

Em nível internacional, não podemos nos esquecer, jamais, da urgente busca por suprimentos que alimentem a população crescente que vemos emergir tão logo o mundo atinja os 9 bilhões de habitantes prospectados pelas Nações Unidas em 2050. Somos hoje 7 bilhões. Não só os avicultores, mas todos os produtores de alimentos que se planejarem e se prepararem poderão crescer muito. Nesse cenário, o Brasil terá papel fundamental no suprimento de alimentos para o mundo.

Preparar-se para esse desafio significa ter muitas ações a empreender. Uma delas é um passo que já vem sendo dado há tempos pelos produtores de ovos e se refere à automação dos processos produtivos, o que, sem dúvida, gera custos menores de produção, pois ajuda a suprir a falta de mão de obra. Essa, por sua vez, tem sido registrada como de grande preocupação para o empresário de ovos, já que a competição de outros setores – como a construção civil, por exemplo -, tem posto à prova um novo jeito de gerir a granja no quesito equipe de trabalho.

Não se pode esquecer, nesse rol de assuntos fundamentais, o bem-estar das aves, um dos temas mais discutidos na cadeia produtiva recentemente. Isso porque tem havido uma pressão crescente na busca de alternativas para a produção de ovos, como o espaço para as aves, a forma de criação, entre outras atitudes chamadas de sustentáveis. E, por falar nisso, não se pode esquecer da tão debatida proteção ao meio ambiente, tema recorrente que suscita novas formas de gestão ambiental, como o uso da água potável, o destino da água servida, das cascas de ovo e esterco. É preciso estar atento às fontes de energia alternativas e outros assuntos que advêm desse tema e que merecerão, cada vez mais, a atenção do avicultor e seus gestores.

Integra o rol de desafios do produtor de ovos, na atualidade, a administração do tema grãos e, por consequência, da atenção especial à logística, já que as mudanças geográficas de produção de grãos no Brasil ganhou um outro patamar com a nova “geografia de produção agrícola” dos últimos anos. Deixando de ser preferência dos produtores do Sudeste e do Sul do país, a produção de grãos migrou para áreas mais distantes – como os estados do Mato Grosso e Goiás – gerando desafios para que o produtor de ovos concilie os custos de sua produção local. A avicultura de Bastos, por exemplo, continua crescendo, vejo novos galpões e mais aves, porém o volume maior dos investimentos na ampliação da produção pode estar sendo transferido para estados produtores de grãos como Goiás e Mato Grosso. O tempo dirá o quanto se deslocará na participação dos Estados na produção nacional.

Olhando para esses pontos com foco na gestão da granja, creio ser fundamental não desviar o foco de temas tão polêmicos e já tão urgentes no dia a dia da produção de ovos do país. E é com otimismo e satisfação que vejo, em Bastos, a maior produtora de ovos do Brasil, os avicultores investindo em melhorias, conhecimento e ações voltadas para elevar o nível da gestão de suas empresas, de forma ainda mais completa e profunda do que no passado. É um movimento tímido ainda, mas já é possível ver movimentos de destaque com resultados importantes, de modo que, a seu tempo, esses exemplos incentivarão outros a buscarem o mesmo caminho, ou seja, a gestão como arma estratégica que empresário algum pode ter o luxo de dispensar.

Gestão na avicultura significa gerenciamento da granja, administração. O objetivo é de crescimento, estabelecido pela empresa através do esforço humano organizado, pelos líderes e suas equipes, com focos bem claros: planejamento, estabelecimento de metas, melhor uso dos recursos existentes, redução de desperdícios e custos, controles, padronização de processos, trabalhar com procedimentos, melhorar a qualidade dos serviços e produto final, investir nas pessoas, conhecer o que o cliente quer e a sua satisfação, aumentar a produtividade e o lucro, como meio para alcançar algo maior, contribuindo para um planeta mais saudável, por exemplo.

Se pensarmos friamente, é muito inteligente investir em gestão, considerando que os investimentos na produção, saúde das aves, biossegurança e segurança alimentar têm ocupado bastante os produtores e já oferecem excelentes resultados, a gestão representa um foco a mais e importante para o avicultor por sua atenção e buscar mais economia e lucro. A competição no mercado, naturalmente, os levará a isso: investir em gestão.

Como alcançar degraus mais altos e obter a sonhada qualidade em todos os processos de produção é um assunto ainda mais profundo, que vem ganhando espaço nas empresas de ovos paulistas. Vamos falar a esse respeito no próximo artigo, neste mesmo endereço da Hora do Ovo.

Até lá.

ESTELAMARA MOREIRA FERREIRA é consultora empresarial na região da Alta Paulista. Atende desde 2002 granjas no município de Bastos, conhecido como a Capital do Ovo. Se quiser trocar ideias com Estelamara escreva para o e-mail estelamaramf@terra.com.br ou ligue (14) 9602-0008.