Telamento de aviários volta ao debate

Telamento de aviários volta ao debate

A obrigatoriedade de telar os aviários de postura e corte voltou a ser discutida no Ministério da Agricultura; Bastos (SP) reúne produtores para discutir a questão, que é polêmica.

POLOS DO OVO

setembro 12, 2016

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Avicultores reunidos em Bastos (SP): debate sobre o telamento dos galpões de postura

 

Volta à discussão no Brasil a questão da colocação de telas nos aviários de postura comercial. O telamento voltou a ser colocado como uma necessidade pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) com a criação de um grupo na Coordenação-Geral de Sanidade Animal (CGSA) do MAPA para aprofundar estudos sobre a prevenção do vírus da influenza aviária no Brasil.

Em sua quinta reunião de trabalho, realizada em agosto, o grupo de estudos colocou aos presentes – entre eles vários representantes dos segmentos da postura comercial e de corte – que os avicultores devem se preparar para telar seus aviários caso desejem se adequar ao que estabelece a Instrução Normativa 56 emitida pelo MAPA em 2007. A IN define um conjunto de medidas que permite o registro das granjas sem restrições. (Conheça a IN 56 aqui: Instrução Normativa 56.)

Já aqueles que optarem por não telar seus aviários, poderão permanecer na atividade desde que atendam à Instrução Normativa 10 da Secretaria de Defesa Agropecuária, de abril de 2013, porém sob um regime de “avicultura de risco com monitoramento permanente”. Com um detalhe muito importante que foi mencionado na reunião em Brasília: a IN 10 poderá ser modificada e ficar mais rigorosa a partir de 2017.

O alerta foi dado na reunião conduzida por Denise Euclydes Mariano da Costa - coordenadora geral do CGSA -, com apoio de Ariel Mendes, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que integram o grupo de trabalho do MAPA para a prevenção da influenza aviária. Participaram da reunião em Brasília três representantes do Sindicato Rural de Bastos, os avicultores Carlos Ikeda, James Nakanishi e Gustavo Shimitsu.

O debate foi levado para Bastos, onde o Sindicato Rural convocou um encontro no dia 6 de setembro, no qual contou com a presença de produtores da Região Oeste Paulista e até mesmo de polos de avicultura mais distantes, como Guatapará e Holambra, localizadas, no Centro e Sudeste do Estado, respectivamente.

O avicultor Carlos Ikeda, diretor do Sindicato, expôs a questão aos produtores presentes à reunião, deixando claro o impasse quanto à telagem dos aviários. Em Brasília, eles foram informados que grandes aviários de postura de Minas Gerais já estariam telando os galpões e a um custo viável, o que fortalece o argumento do MAPA – e de grandes grupos de avicultura de corte – de que a telagem é viável e necessária, mesmo nos galpões californianos, que representam a maioria das instalações do país.

De acordo com Carlos Ikeda, a coordenadora Denise Euclydes Mariano da Costa garantiu que o segmento de frango de corte já se comprometeu a realizar a telagem nos aviários. E ela questionou os representantes da postura comercial sobre o tema, perguntando o que o segmento de postura comercial está fazendo para garantir a biosseguridade nas granjas. “Todas as associações e representantes da produção de ovos que estavam presentes se manifestaram e ficou bastante claro que todos têm problemas com a implantação das exigências da IN 56, tendo como ponto crucial a questão da telagem”, relatou Ikeda. Segundo ele, ficou patente que quase que cem por cento da avicultura de postura estaria trabalhando sob a regulamentação da IN 10, ou seja, ainda sem telas nos aviários, e, portanto, sob o regime de monitoramento permanente do governo, pois estão enquadradas como “avicultura de risco”.

“Fomos questionados sobre a situação em Bastos e apresentamos nosso plano de prevenção e biosseguridade regional. A Dra. Denise nos agradeceu e parabenizou, mas nos alertou que telar os aviários é indispensável. Diante disso, ficamos muito preocupados, pois entendemos que se todos os produtores de ovos querem continuar na atividade cumprindo a IN 10, vão continuar tendo o GTA – o guia de transporte de animais -, e ter condições de continuar trabalhando, porém estarão sob o risco de uma mudança muito grande na instrução normativa nº 10 a partir de 2017, o que poderá significar um controle ainda mais rígido nas granjas”.

Os representantes de Bastos saíram da reunião em Brasília com uma certeza: ou os avicultores telam os aviários, registram suas granjas no MAPA e trabalham tranquilos, ou terão pela frente uma nova instrução normativa da Defesa Sanitária bastante rigorosa.

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Avicultores e técnicos na reunião realizada pelo Sindicato Rural de Bastos: reunião não teve caráter deliberativo

 

Sem caráter deliberativo, a reunião realizada em Bastos no dia 6 de setembro teve o objetivo de comunicar os produtores o andamento das discussões em nível governamental e institucional sobre a biosseguridade e, especificamente, a telagem dos aviários.

No próximo dia 28 de setembro, serão realizadas reuniões para voltar a discutir o assunto, dessa vez na capital paulista, na sede da APA, a Associação Paulista de Avicultura e, posteriormente na sede da ABPA, a Associação Brasileira de Produção Animal.

No dia seguinte, 29 de setembro, haverá nova reunião em Brasília com o grupo formado pela Coordenação-Geral de Sanidade Animal (CGSA) do MAPA. O Sindicato Rural de Bastos estará mais uma vez presente e deve apresentar com mais detalhes seu programa regional de biosseguridade.

O Programa de Bisseguridade de Bastos

Um dos mais tradicionais núcleos de produção de ovos do Brasil, a região de Bastos está à frente no segmento da postura comercial brasileira não apenas em produção mas também em discussões e ações para a prevenção da influenza aviária. O Sindicato Rural de Bastos, entidade representativa dos avicultores da região, vem liderando uma força-tarefa de prevenção à influenza aviária e ampliação de biosseguridade. Esse trabalho tem abrangência regional e começou em maio de 2015, tão logo o governo do Estado de São Paulo lançou seu programa de prevenção à influenza aviária após surto da doença nos Estados Unidos.

O avicultor Carlos Ikeda é o coordenador do grupo de trabalho que está estabelecendo uma estratégia de biosseguridade para blindar o plantel regional, hoje em torno de 28 milhões de aves. A preocupação maior é evitar a entrada da influenza aviária na microrregião, porém o grupo tem uma visão abrangente e pretende reduzir a ocorrência também de outras enfermidades. A estratégia é estabelecer procedimentos de biosseguridade em todos os aviários da microrregião da Capital do Ovo – como Bastos é conhecido. 

Nesse trabalho, o Sindicato Rural de Bastos conta com a assessoria do médico veterinário José Roberto Bottura, diretor técnico da Associação Paulista de Avicultura, a APA, e a consultoria científica da Prof. Dra. Masaio Mizuno Ishizuka, professora titular de epidemiologia das doenças infecciosas da Faculdade de Medicina Veterinária da USP e presidente do Comitê Estadual de Sanidade Avícola de São Paulo. Esses dois apoiadores do programa de Bastos também participaram da reunião realizada em Bastos no dia 6 de stembro e devem participar dos encontros marcados em São Paulo e Brasília nos dias 28 e 29.

Saiba mais sobre o Plano de Prevenção de Bastos e conteúdos oficiais do Ministério da Agricultura e Pecuária no links:

http://www.ahoradoovo.com.br/capital-do-ovo/noticias/?id=990%7Cbastos-poe-em-pratica-programa-proprio-de-prevencao-a-influenza-aviaria).

http://www.ahoradoovo.com.br/no-mundo-do-ovo/noticias/?id=187|avicultores-propoem-ao-mapa-alternativas-ao-telamento-de-aviarios

(A Hora do Ovo. Fotos: Elenita Monteiro)

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