Simpósio Ovosite realizado no SIAV reuniu produtores de todo o Brasil

Simpósio Ovosite realizado no SIAV reuniu produtores de todo o Brasil

Evento foi muito prestigiado não só por avicultores mas também por profissionais de toda a cadeia do ovo.

Ovonews

agosto 30, 2013

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Turra abre o Simpósio Ovosite destacando a importância do setor de postura debater seus caminhos

 

Um auditório atento, formado por avicultores de várias regiões do país e muitos profissionais técnicos e fornecedores que atendem granjas de postura brasileiras, assistiu ao Simpósio Ovosite de Produção e Mercado de Ovos, realizado na tarde do dia 27 de agosto, no Anhembi Parque, em São Paulo. O simpósio foi o único evento promovido exclusivamente para o segmento da produção de ovos dentro da intensa programação de palestras e painéis montada pela União Brasileira de Avicultura, a Ubabef, durante o SIAV, o Salão Internacional de Avicultura. Na abertura do simpósio, o presidente da Ubabef, Francisco Turra, ressaltou a importância do debate para a evolução do setor de postura e elogiou o publisher Paulo Godoy, do Avisite, parceiro na realização do evento.

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Otávio Ceschi: profissionalismo

Vale ressaltar, além da iniciativa dos organizadores, também a presença do jornalista Otávio Ceschi Júnior, do canal Terra Viva (Grupo Bandeirantes), que conduziu e intermediou de forma fluida e profissional as palestras e as questões levantadas pelos presentes. No simpósio dedicado a discussões sobre a postura, seis profissionais discorreram sobre temas diversos que envolvem a produção de ovos. O primeiro a falar foi Antonio Carlos Paraguassu, da Hy-Line International, de Des Moines/Iowa, que mostrou um panorama da produção mundial de ovos na atualidade. Trouxe dados otimistas, apontando que nos últimos 40 anos a produção de ovos triplicou no mundo, expansão que se deve principalmente aos países em crescimento. Somente a Índia viu crescer sua produção de ovos em 68%. Lá, o custo de produção, de acordo com Paraguassu, é um dos menores do mundo, similar ao da Argentina. 

 

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Paraguassu: o ovo no mundo

“O Brasil está com uma produção atual de 32 bilhões de ovos por ano, de acordo com dados da Ubabef, o que nos faz chegar ao percentual de consumo de 162 ovos per capita, demonstrando que também crescemos expressivamente. Agora, pela primeira vez, temos um percentual de consumo de ovos per capita acima da média mundial”, afirmou o executivo da Hy-Line International, que terminou sua fala alertando a todos que há muito espaço para crescer muito mais no Brasil, mas é preciso estar atento ao mercado mundial e suas tendências como, por exemplo, a crescente preocupação do mundo com o bem-estar animal.

O segundo profissional a falar foi o experiente Sergio Rami, que já foi executivo de empresas que se dedicam à industrialização de ovos, como a antiga Sohovos, e hoje consultor na área. Rami falou sobre Agregação de valor na produção de ovos, demonstrando as várias formas diferenciadas de

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Rami: agregando valor

apresentar o ovo ao consumidor, além do formato tradicional in natura. E isso vai muito além do ovo com ômega 3, por exemplo, que já é uma realidade no Brasil e que o consumidor brasileiro acostumou-se a ver nos supermercados, ou ainda o ovo líquido pasteurizado e pronto para consumo em embalagens longa vida, que ainda não são encontrados com facilidade nos mercados brasileiros, mas sobre o qual, ao menos, o consumidor já começa a ouvir falar.

Rami citou, como exemplo de ovo-produtos mais sofisticados, a extração de componentes presentes na clara que se tornam produtos muito valorizados no mercado devido a seu teor nutricional altamente diferenciado. Ele alertou, porém, que para obter essa agregação de valor do ovo é preciso que o mercado produtor dê um salto de qualidade e diferenciação, chegando a produtos que de fato sejas relevantes para a escolha do consumidor, que deve ser devidamente comunicado sobre as qualidades do que lhe é oferecido.

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Gutth, da Conab: tendências
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Mazzolen: consórcios avícolas
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Leandro: união do setor

 

 

 

 

 

 

O tema Perspectivas da produção de grãos foi abordado por Thomé Luiz Freire Gutth, analista de mercado da Conab. Ele apontou as tendências atuais do mercado do milho e da soja, dois dos grãos mais importantes para a composição da ração das poedeiras. Ele disse acreditar que este ano os Estados Unidos, um dos maiores produtores e consumidores de milho do mundo, devem exportar menos o grão, que é para garantir seu estoque interno. Otimista quanto à produção brasileira de milho, Thomé afirmou que a atual safra brasileira deve ultrapassar os 80 milhões de toneladas. Quanto à soja, apontou que o Brasil continuará “chinodependente”, ou seja continuará exportando a soja em enormes quantidades para a China. 

Para falar sobre a gestão da cadeia produtiva do ovo, o Simpósio Ovosite levou o professor da Universidade de Brasília Eduardo Mello Mazzolen, que é também analista de comércio exterior do Ministério da Agricultura. Ele abordou o tema Integração Contratual: Uma Estratégia de Acesso ao Mercado Internacional, destacando o potencial que os avicultores no Brasil têm para ampliar seus negócios além da produção do dia a dia na granja, caso se unam para isso em consórcios. Ele disse que vê um grande potencial das granjas brasileiras para ampliar seus negócios além da venda de ovos in natura no mercado nacional – seja através de ovos-produtos ou exportação de ovos – caso os produtores decidam estudar a possibilidade de se associarem através de consórcio, que é uma forma jurídica empresarialmente segura.

Para discorrer sobre o tema Desafios da comercialização de ovos no Brasil,o convidado foi o avicultor Leandro Pinto, um dos mais destacados do Brasil. Sócio-proprietário da Granja Mantiqueira, que tem unidades de produção em Itanhandú (MG) e Primavera do Leste (MT), em sua fala Leandro estimulou todos os avicultores de postura a estarem atentos ao mercado, a trocar informações entre si, e a serem cautelosos quando um comprador de ovos traz informações de baixa do preço do produto. “Nós é que precisamos cuidar do preço de nosso produto, é nossa obrigação valorizar o que produzimos. Se compradores vierem querendo baixar nosso preço, vamos ligar para outras granjas, mandar e-mail, usar a internet para cruzar informações, checar se realmente o preço está em queda. Cuidemos do que é nosso!”, alertou.

Leandro também lembrou que a produção de ovos cresceu no Brasil pelo menos 15% nos últimos anos devido ao aumento do consumo e que a perspectiva nesse sentido é de aumento ainda maior. “O ovo, que foi condenado por tantos devido ao preconceito equivocado do colesterol, agora foi absolvido em todos os tribunais e o consumo vai continuar a aumentar. E nós, produtores, precisamos nos organizar para isso, para aumentar nossa produção para suprir o mercado, mas com planejamento pois, caso contrário, vai faltar pintainha no mercado”, observou. Elogiando o trabalho do Instituto Ovos Brasil para a elevação do consumo do ovo no país, e a Ubabef, por seu trabalho em favor da exportação do ovo brasileiro, Leandro Pinto convidou todos a participarem das duas entidades.

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Belzer: o ovo como produto-âncora

E foi o presidente do Instituto Ovos Brasil que falou na sequência, encerrando o Simpósio. O executivo e zootecnista Rogério Belzer abordou o tema O ovo no autosserviço: como atrair cada vez mais o consumidor. Belzer apresentou dados de interessante pesquisa do American Egg Board, tradicional entidade americana que atua em favor do consumo de ovos, que investigou como é o comportamento do consumidor nos supermercados e a importância que o comprador de ovos tem para os varejistas. Citou informações importantes, como o fato de que nos Estados Unidos ficou comprovado que quem compra ovos consome mais no supermercado ao longo do ano. “A pesquisa comprovou que o consumidor que compra ovos tem um gasto anual no mercado de U$ 2.364, contra o gasto de U$ 960 de quem não compra ovos. E o supermercadista sabe que quem compra ovos vai também comprar outros itens de alimentos para complementar as receitas que levam ovos, como farinha, leite, queijo. Não é à toa que em qualquer mercado dos Estados Unidos os ovos são sempre encontrados no final do estabelecimento, que é para levar o consumidor a percorrer todo o mercado para comprar o produto e, assim, estimulá-lo a adquirir também outros produtos”.

Rogério sugeriu aos presentes que seria interessante também no Brasil fazer uma pesquisa semelhante para que assim o produtor ganhasse maior força junto aos varejistas. Isso porque ficaria demonstrado, em dados concretos, o quanto o ovo é importante como item que atrai o consumidor para dentro do mercado. “O ovo é extremamente lucrativo para o supermercadista e leva a um alto giro de estoque. O produtor de ovos pode, sabendo disso com dados mais embasados em uma pesquisa, melhorar a relação de troca com o comprador varejista, além de poder planejar ações de divulgação maior do ovo no varejo, como promoções de preço anuais, por exemplo”, estimulou o presidente do Ovos Brasil.

(A Hora do Ovo, com fotos de Teresa Godoy)

 

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