Produtores de ovos de Bastos já promovem descarte de aves
Aumento no preço da ração leva avicultores a descartar aves mais cedo, reduzindo a produção em busca de melhor preço no mercado.
Já se esperava e agora está se concretizando: o produtor de ovos está tentando reduzir a produção em busca de preço melhor no mercado. E a saída está sendo o descarte antecipado das aves mais velhas, como já está acontecendo na região de Bastos, considerada a Capital do Ovo no Brasil. Os produtores de ovos da região que mais produz no país estão se movimentando para driblar a crise que abala o setor e que começou com a alta do preço do milho e soja, componentes principais da ração das aves.
O programa Globo Rural, da Rede Globo, tratou desse assunto na manhã desta segunda-feira, dia 17, entrevistando avicultores de Bastos. Christian Maki, um dos produtores ouvidos pela reportagem, confirmou a dificuldade em equilibrar as contas tendo, de um lado, a ração mais cara e, de outro, o preço mais baixo obtido no mercado. Segundo dados da reportagem, obtidos junto ao Sindicato Rural de Bastos, a caixa com 30 dúzias de ovos está saindo por R$ 52,00; para produzir uma caixa, o produtor está investindo R$ 56,00, o que significa um prejuízo de R$ 4,00 por cada caixa. Para piorar a situação, nessa época do ano a oferta de ovos no mercado é maior, o que também não contribui com a elevação dos preços do produto. “A única solução, segundo o produtor, seria diminuir a oferta do produto no mercado”, apresentou a reportagem da Rede Globo.
Produtor da Granja Katsuhide Maki, uma das mais tradicionais da Capital do Ovo, Christian tem 80 mil aves em produção, responsáveis por 61 mil ovos que deixam a propriedade diariamente, rumo ao mercado tão disputado de São Paulo. Para suprir a demanda da alimentação das aves, a granja consome hoje 8 toneladas diariamente, a maior parte composta pelo tão disputado milho, cuja produção nacional está em alta, porém vive a eterna incongruência da agricultura brasileira: produz muito mas não supre o mercado interno.
Outro produtor da nova geração de Bastos, o jovem Leonardo Yoshikawa, também está optando pelo descarte das aves mais velhas, que produzem menos e consomem mais ração que a ave mais jovem. Na granja da família, serão 53 mil aves descartadas a partir de outubro. “É preciso descartar para perder menos”, comentou o avicultor ao repórter Fernando Degaspari, da TV Tem de Bauru (SP).
Na Granja Marcelo Maki, o gerente José Carlos Zaneli corroborou as dificuldades dos produtores locais. E explicou, ao vivo, à repórter Moniele Nogueira , que o descarte na granja será antecipado. “Os descartes que faríamos entre novembro e dezembro, serão adiantados hoje, para abaixar um pouco a produção”. Segundo Zanelli, ainda assim, o descarte não trará resultados imediatos, já que o produtor precisa continuar honrando os compromissos assumidos com o mercado. “Então, isso só irá refletir em 2013, acreditamos”, avalia o gerente da granja.