Influenza põe setor de postura de pernas para o ar nos Estados Unidos

Influenza põe setor de postura de pernas para o ar nos Estados Unidos

Preço do ovo nas alturas, quase 40 milhões de aves abatidas e alta nos custos dos alimentos são alguns dos estragos provocados pela doença.

Ovonews

maio 26, 2015

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Influenza aviária: um desastre para a economia avícola e para o consumidor de ovos

 

A situação está alarmante nos Estados Unidos, e não é exagero “de imprensa”. Tudo por causa do surto de influenza aviária que se instalou nas granjas norte-americanas, especialmente no Estado de Iowa, principal produtor de ovos dos Estados Unidos. Ali, o surto já levou ao abate quase um terço das poedeiras.

Trata-se do maior surto de influenza aviária da história americana, que já provocou, entre outros problemas, a disparada no preço dos ovos o que está impactando, também, a alta dos preços dos alimentos que utilizam o ovo como matéria-prima na sua produção. No Meio-Oeste do país – onde o vírus já foi encontrado em 200 pontos diferentes -, a alta já é de 85%.

Segundo dados publicados pelo Wall Street Journal e divulgados no Brasil pela SNA, a Sociedade Nacional de Agricultura, “o preço dos ovos vendidos no atacado na forma líquida e em embalagens especiais para restaurantes, como o McDonald’s, e empresas de alimentos, como a Sysco, quase triplicou nos últimos 30 dias, alcançando o recorde de US$ 2,03 a dúzia na quinta-feira passada, segundo a empresa de pesquisa de mercado Urner Barry. E mais, segundo a mesma fonte, os preços nos supermercados devem subir à medida que varejistas repassam a alta para o consumidor. “Isso é algo completamente sem precedentes”, disse Brian Moscogiuri, que acompanha o mercado de ovos para a Urner Barry, firma que monitora os preços do setor há 150 anos.

A redução na oferta de ovos está prejudicando os lucros de alguns produtores de alimentos. Na semana passada, a Post Holdings alertou que a influenza aviária afetou cerca de 25% do seu fornecimento de ovos, forçando-a a interromper algumas linhas de produto da unidade Michael Foods, que produz claras de ovos líquidas e outros ingredientes à base de ovos. No início deste mês, a empresa estimou que o lucro operacional de 2015 deve ser reduzido em US$ 20 milhões devido ao surto da doença.

A expectativa é de que as cotações continuem a avançar. As granjas e empresas que lidam diretamente com o ovo são as mais afetadas pelo surto da influenza, já que o número de aves abatidas está beirando os 40 milhões, cerca 38,9 milhões de aves do país. Desse total, 32 milhões são aves poedeiras, aproximadamente 10% do plantel americano.

A recuperação dos produtores de ovos levará anos, segundo autoridades do setor. Um dos principais desafios é o custo de repopular unidades produtoras que, juntas, podem abrigar milhões de aves em algumas fazendas.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, alocou quase US$ 400 milhões para indenizar avicultores que abateram suas aves para conter a propagação da doença. “Entendemos que este acontecimento é doloroso [para os produtores] e queremos apoiá-los o máximo que pudemos”, diz T.J. Myers, vice-administrador associado de serviços veterinários do USDA. Até quarta-feira passada, a agência havia destinado US$149 milhão para pagar indenizações a produtores. As produtoras de ovos — que são as empresas mais prejudicadas pelo vírus — e as de peru estão gastando milhões de dólares para tentar conter a doença.

Altamente infecciosa, a cepa H5N2 da influenza aviária consiste num vírus mortal que se originou na Ásia e mais tarde se combinou com variações da América do Norte, segundo cientistas. Pesquisadores acreditam que ela esteja se espalhando através das fezes de patos e gansos selvagens que migram para o Meio-Oeste. O risco que o vírus representa para a saúde dos humanos é considerado baixo e nenhuma infecção em pessoas foi identificada até o momento, de acordo com as agências federais.

A alta concentração de aves e o abate de poedeiras

O surto de influenza aviária dizimou cerca de 35% das aves poedeiras do Estado americano de Iowa, o maior produtor americano de ovos. Algumas granjas não devem sobreviver devido aos custos do abate das aves e dos meses sem receita enquanto as instalações são limpas e recebem novas aves, diz Chad Gregory, diretor-superintendente da Produtores de Ovos Unidos, uma associação do setor.

“Praticamente todas as poedeiras do condado de Sioux morreram ou estão morrendo”, disse Jim Dean, diretor-presidente do Centrum Valley Farms e Center Fresh Group, um grupo de quatro empresas produtoras de ovos em Iowa. Segundo ele, três das quatro empresas do Center Fresh Group, que juntas estão entre as maiores produtoras de ovos dos Estados Unidos, estão “completamente paralisadas”, mas ele espera que elas possam retomar a produção.

A epidemia teve um impacto excepcionalmente forte porque o setor é altamente concentrado, com as fazendas contendo em média cerca de 1.5 milhão de aves, diz Gregory. Quando a presença do vírus é confirmada em uma unidade, as aves de todas as unidades próximas geralmente têm que ser abatidas para evitar o avanço do contágio.

Os Estados Unidos possuem hoje menos de 200 empresas produtoras de ovos, comparado a cerca de 10.000 na década de 1970, diz Gregory. “Um dos problemas que tivemos com esse surto se deve à enorme população de galinhas nessas fazendas, hoje”, diz Marcus Rust, diretor-presidente da Rose Acre Farms, uma das maiores produtoras de ovos dos EUA. “Nossa base de clientes exige o menor custo possível e isso faz com que coloquemos seis milhões de aves em uma fazenda. Quando algo assim acontece, só a paralisação de uma fazenda pode provocar uma alta de cinco centavos [de dólar] na dúzia de ovos em todo o mercado”, disse.

Empresas do centro financeiro americano já avaliam que, por causa dos reajustes de preços para o alto no mercado de ovos, os americanos vão gastar este ano 8 bilhões de dólares só com ovos.

A indústria farmacêutica também está preocupada, pois o ovo é usado no processo de fabricação de algumas vacinas, como as da gripe, sarampo e caxumba.

(A Hora do Ovo, com informações do Globo Rural, SNA e agências internacionais. Foto: Teresa Godoy)

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