Produção de ovos cresce 10%; consumo atinge nível histórico, estima ABPA
Esses e outros dados sobre produção de aves e suínos foram apresentados durante coletiva realizada na entidade, neste dia 13 de dezembro.
As estimativas da ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal, apontam o crescimento da produção de ovos em até 10% em 2018. Os dados foram apresentados no dia 13 de dezembro em entrevista coletiva dada pela diretoria da entidade na sede da capital paulista.
Durante a apresentação das estimativas, os diretores da ABPA sinalizaram com dados importantes para o setor de ovos, entre eles, o crescimento da produção e o aumento do consumo per capita no país. A assessoria de imprensa da entidade informou que “em fluxo positivo, a produção de ovos deverá apresentar elevação de até 10% em 2018 em relação às 39,9 bilhões de unidades produzidas em 2017, chegando a 44,2 bilhões de unidades.”
Também em elevada escala de crescimento as exportações do segmento devem superar as 10,8 mil toneladas, em índice de crescimento 80% acima do realizado no ano passado. “O total exportado (janeiro a novembro/2018) chegou a 9,991 mil toneladas, volume 83,9% superior às 5,434 mil toneladas embarcadas no mesmo período de 2017. Em receita, as vendas alcançaram US$ 15,1 milhões, 101,9% acima das US$ 7,4 milhões realizadas entre janeiro e novembro de 2017.”
Para se comemorar, também, a marca histórica alcançada pelo setor de ovos junto ao mercado consumidor. Segundo informa a ABPA, “o consumo per capita de ovos atingirá a marca histórica de 212 unidades, que supera em 10,4% o índice registrado no ano passado.”
O aumento de consumo de ovos, é bom que se diga, é resultado, sim, da evolução do setor no país, mas se deve, em grande parte, ao heroico trabalho do Instituto Ovos Brasil, entidade que trabalha na promoção do ovo desde 2007, ampliando ano a ano a ofensiva do marketing do produto junto ao consumidor brasileiro.
As carnes de frango e suínos conviveram com ajustes em 2018 num cenário instável para os dois setores (leia mais sobre o frango e o suíno no link: Aves e suínos têm produção menor, indica ABPA). Mas há dados positivos a serem considerados, segundo o presidente da ABPA, Francisco Turra, entre eles a habilitação de 26 novas plantas para exportações de carne de frango para o México, a viabilização do mercado cambojano para o setor avícola brasileiro e a abertura dos mercados da Coreia do Sul e da Índia para a carne suína. A Rússia, após 11 meses de negociação, também reabriu seu mercado para o setor de suínos.
Pode ser considerado um ponto relevante de 2018, segundo Turra, a crise sanitária corrente na China. “A mortandade histórica de animais no maior produtor de carne suína do mundo deverá incrementar a demanda de cárneos provenientes de países que hoje fornecem ao mercado chinês. As informações do mercado indicam que uma lacuna de cerca de 4 milhões de toneladas (conforme informações levantadas pela Consultoria Asia Agro Aliance), como impacto direto aos focos de peste suína africana”, explica.
Ainda sobre China, segundo Ricardo Santin, diretor-executivo da ABPA, está em fase final a negociação entre chineses e brasileiros para a construção de acordo de Price Undertaking (PU) para as exportações brasileiras de carne de frango, o que deverá suspender as sobretaxas provisórias de direito antidumping aplicados pela China. “As propostas de PU foram entregues pelas empresas ao Ministério do Comércio chinês nesta semana. Fator importante: mesmo com a aplicação de tarifas, as exportações de carne de frango para a China devem encerrar o ano 10% superiores às realizadas em 2017”, ressalta.
Alguns fatores pesaram negativamente na produção brasileira, entre eles o delisting (a retirada da lista de importação) de 20 plantas nacionais pela União Europeia (sendo que oito continuaram exportando carne de frango in natura sem sal adicionado), e a alteração dos critérios relativos ao abate para a importação de carne de aves pela Arábia Saudita. Neste último caso, conforme Santin, as mudanças com a readequação de mercado resultaram em uma retração superior a 100 mil toneladas nas exportações brasileiras – um dos mercados que mais reduziram as importações em 2018.
E como não lembrar os 10 dias de paralisação nas estradas brasileiras, com a greve dos caminhoneiros, em maio? Milhões de aves morreram durante os 10 dias de paralisação. Os impactos superaram os R$ 3,1 bilhões – sendo R$ 1,5 bilhão irrecuperável. Além dos prejuízos, a greve trouxe à pauta o tabelamento do frete.
Por questões sanitárias, os setores de aves, ovos e suínos dependem dos denominados transportes dedicados, que são fidelizados e cumprem distâncias curtas. Com a nova tabela, em geral o custo logístico dos setores apresenta uma elevação média de 35% – chegando próximo de 80% em algumas modalidades, como o transporte de ração.
OS CUSTOS DE PRODUÇÃO
Em relação aos custos de produção, os preços do milho e o farelo de soja – que representam até 70% dos custos produtivos – foram os principais fatores de influência. Comparativamente com os dados de 2017, o preço do milho chegou a ficar até 50% maior, e o do farelo de soja, até 40%. “O preço dos insumos no mercado interno impulsionou negócios com produtores de grãos de países vizinhos, como a Argentina e o Paraguai. As previsões de oferta de produtos apontam em 2019 um ano com menor custo de produção em relação ao ano anterior”, analisa o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Neste contexto, vale destacar que o câmbio foi favorável às exportações brasileiras, especialmente ao longo do segundo semestre. “Considerando fatores, como custos de produção e preços internacionais de produtos, a relação dólar x real é favorável ao setor produtivo em patamares acima de R$3,50”, concluiu Santin.
Há grande expectativa, também, com relação ao novo governo, destaca Turra. No fim de novembro, a ABPA apresentou ao Grupo de Transição da futura Presidência da República um documento com demandas da avicultura e da suinocultura. Entre os pontos abordados no documento, estiveram a desburocratização no processo de habilitação de plantas frigoríficas, o fim do estabelecimento do frete mínimo; a melhoria da infraestrutura logística, o fortalecimento da segurança nas estradas contra o roubo de cargas e a realização de acordos internacionais.
A ABPA também definirá novas estratégias de trabalho para o próximo ano. Neste mês, a associação deu início ao Projeto 500K, um plano estratégico em conjunto com as empresas exportadoras e a consultoria da EY. O objetivo é fortalecer a atuação em mercados estratégicos para o setor, com a meta de alcançar um volume médio de exportação de carnes de aves e de suínos de cerca de 500 mil toneladas mensais.
(A Hora do Ovo, com informações e fotos da assessoria de imprensa da ABPA)
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