Conbrasul Ovos 2019 é o reflexo da maturidade do setor de ovos
Evento cumpriu o compromisso de provocar, instigar e debater os desafios da postura brasileira, avaliam organizadores e parceiros.
Com o dobro de participantes da primeira edição e expectativas superadas mais uma vez, a Conbrasul Ovos 2019 – realizada entre 16 e 19 de junho, em Gramado (RS) - consolidou o conceito de que é possível avançar com qualidade também nos debates do setor. A iniciativa promovida pela Asgav e o Programa Ovos RS demonstrou que a coragem para enfrentar os desafios do segmento diminui o tamanho dos problemas, tornando-os possíveis de serem vencidos.
É assim que a avicultura de postura brasileira vem avançando sobre temas que, no passado, eram tabus intocáveis. A fantasia do impossível fica sempre muito maior quando está apenas na mente e na falta de ação; encarar a realidade é um passo fundamental para diminuir o bicho papão; e a gente aprende isso na infância, quando tem o apoio de uma família que nos faz ver a realidade, por mais dura que seja.
Com o setor de ovos tem sido assim, nos últimos tempos. Entidades como a Asgav e a ABPA, encarnam o papel de pais conscientes que, em vez de esconder o problema e alimentar exageradamente a fantasia, expõem os desafios e o que é necessário para serem vencidos. Em entrevista coletiva para avaliação da 2ª. Conbrasul Ovos, em Gramado (foto no destaque), o coordenador do evento, José Eduardo dos Santos, avaliou que não há volta quando se toma o caminho da certeza. Não que não se possa errar, mas é preciso estar sempre avançando para, inclusive, consertar os erros para avançar mais.
Para Eduardo, o compromisso é provocar, instigar, debater. Isso justifica, lá na frente, o sucesso que se obtém. “Quando nós assumimos o compromisso de coordenar e conduzir a Conbrasul Ovos sabíamos que faríamos um evento para agregar as lideranças do setor e discutir os temas para provocar debates, como temos na conferência”. Durante o evento, aliás, foram vários os momentos de discussão sobre desafios que impactam o setor. Um deles foi o colóquio Lideranças Egg Business. No palco, com a presença de pelo menos duas gerações de profissionais e empreendedores, a questão era exatamente como avançar em temas que parecem viscejar por tantos anos na postura brasileira. A resposta da Conbrasul, da Asgav e da ABPA é exatamente esta: não parar de lutar, de debater, de encarar.
A proposta vem dando certo, tanto que quase 400 conferencistas se inscreveram para “encarar” a realidade e o debate durante a 2ª. Conbrasul Ovos. A organização do evento, que esperava reunir 300 pessoas no máximo, teve suas expectativas superadas. Durante os três dias e meio da conferência, as 26 palestras estiveram lotadas, sempre com muito interesse demonstrado pelos participantes.
PARCERIA E RESULTADOS NO RIO GRANDE DO SUL
Diversos foram os pontos destacados pela organização da Conbrasul para o sucesso da segunda edição do evento, entre eles a união das entidades parceiras, como a ABPA, o Instituto Ovos Brasil, a Egg Farmers of Canada e a IEC – International Egg Comisson, fundamentais no avanço do evento e do setor como um todo.
Sob o ponto de vista técnico e operacional, Eduardo Santos destacou a importância da Conbrasul - desde sua criação em 2017 - para diminuir a vulnerabilidade do setor em relação à biosseguridade. Nesse sentido, ele acredita que os resultados já estejam chegando às granjas, especialmente no Rio Grande do Sul, onde se pode sentir a melhoria da qualidade no modo de produção.
Às informações apresentadas pela conferência em Gramado une-se o denso e incansável trabalho do Programa Ovos RS, criado há seis anos e a cada temporada mais forte e com resultados para o setor de ovos gaúcho. “Acho que o grande sucesso do Programa Ovos RS vem, exatamente, de trabalhar a parte técnica, a capacitação, a orientação, o amparo ao produtor de ovos, ao mesmo tempo em que realiza esse trabalho de incentivo ao consumo. Esse conjunto deu um resultado muito positivo, com o alcance de um consumo maior em relação ao resto do país.”
Hoje, o Rio Grande do Sul registra um consumo de ovos per capita/ano de 253 ovos, enquanto os números do país estão na casa dos 212 ovos per capita/ano. No Rio Grande do Sul, o incentivo ao consumo vem acompanhado da valorização cada vez maior do setor de inspeção e qualidade, com a equipe do Ovos RS atuando como um canal de conscientização para o produtor, e não a fiscalização convencional, que é dever dos órgãos governamentais.
EVOLUÇÃO DO SETOR
Para o presidente da Asgav, Nestor Frieberg, a liberdade com que trabalha a equipe do Programa Ovos RS e da Conbrasul é o ponto de equilíbrio para o sucesso de ambos. É esse mesmo equilíbrio que ele julga possível haver entre os segmentos de corte e postura na Associação Gaúcha de Avicultura e que possibilita elevar o nível dos resultados obtidos para todos. “Ambos os segmentos precisam cuidar de sua produção, estar atentos, até porque o nível de sanidade de um segmento influencia o outro”, disse Frieberg, exemplificando.
Presente à coletiva da imprensa, Ricardo Santin, diretor da ABPA, concordou. “Resultados positivos vêm mais facilmente quando se une forças”, disse ele, referindo-se ao trabalho conjunto que a Asgav promove junto à ABPA e também ao Instituto Ovos Brasil. “Essa deve ser uma proposta de Brasil e não só de estados em separado. Se não está acontecendo, vamos provocar que isso venha a acontecer”, convocou, para em seguida destacar a grande evolução que o segmento de postura vem conquistando ao longo dos últimos 10 anos, o que se deve, inclusive, aos muitos eventos promovidos pelo país.
“Vemos uma evolução no setor muito positiva: a profissionalização, a melhoria de conscientização, o setor se uniu e fez o Instituto Ovos Brasil, o Programa Ovos RS e tantos outros projetos que vêm impulsionando a avicultura nas regiões produtoras de ovos do país. O produtor de ovos está caminhando para se tornar um empresário verdadeiramente”, avaliou Santin. “Hoje, estão aqui produtores dos principais estados produtores, ávidos por conhecer, discutir e evoluir. A evolução é indiscutível. O produtor hoje vê a necessidade de o ovo ter qualidade cada vez maior”, considerou o diretor da ABPA.
O MERCADO EXTERNO COMO FOCO
Sobre os conteúdos a serem debatidos na próxima Conbrasul, a exportação de ovos já desponta como favorita. “O que a gente quer é trilhar esse caminho do mercado externo, fazer com que os produtores se aproximem dessa experiência”, adiantou Eduardo Santos. “Em matéria de Rio Grande do Sul, a ideia é continuar esse trabalho de evolução junto aos produtores, que abrem suas portas hoje a nossa equipe técnica que faz um trabalho similar à equipe do Ministério da Agricultura, mas com caráter de orientação. Queremos fazer o papel de entidade que conscientiza o produtor, tanto no campo da biosseguridade quanto na qualidade.”
No Programa Ovos RS, o próximo passo, segundo ele, é caminhar para uma certificação com reconhecimento do Inmetro. “Já temos um projeto em estudo, que é um outro passo que vai profissionalizar, dar maior embasamento para o setor abrir mais ainda a sua condição de atender às exigências do mercado externo”, concluiu Eduardo Santos (Veja matéria sobre o setor de ovos e a exportação).
A 3ª. Conbrasul Ovos, portanto, já está sendo desenhada: será em maio de 2021 e terá como missão estimular e alavancar a exportação de ovos, com temário específico, segundo informou José Eduardo Santos.
O que mudou do marco zero em 2017 para a segunda edição, em 2019? Eduardo diz que a proposta de reunir as lideranças do país em Gramado se manteve, assim como permaneceram a inspiração nas conferências do IEC, o International Egg Comission, e a parceria com a ABPA, que é a entidade maior da proteína brasileira. “De lá para cá, intensificamos os trabalhos. Contribuíram para o sucesso da segunda edição a qualidade da nossa equipe e o trabalho sempre baseado no planejamento, com simulações, usando técnicas de gestão de projetos”, explica Eduardo.
O executivo da Asgav fez questão de dizer que a comunicação foi uma parceira importante, com apoio das mídias especializadas, e destacou o trabalho da jornalista Márcia Midori, que levou para a Conbrasul sua experiência no setor de produção de proteína animal em nível nacional. “Seu trabalho fez o elo com os produtores de outras regiões. Isso ajudou bastante”, elogiou o executivo.
Base de tudo isso, o trabalho-alicerce da Asgav, uma das entidades setoriais regionais mais atuantes do país. “Ela nos dá essa condição, essa credibilidade, de realizar esse tipo de projeto”, concluiu Eduardo, já com os planos da terceira edição da Conbrasul sendo pensados para maio de 2021.
A HORA DO OVO já acertou os ponteiros do relógio do futuro e registrou a 3ª. Conbrasul na agenda da segunda década do século 21. Até lá, sabemos que encontraremos uma outra avicultura de postura.
(Teresa Godoy. A Hora do Ovo. Fotos: Elenita Monteiro e Teresa Godoy)
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