BIOACÚMULO DE FERRO, COBRE, MANGANÊS E ZINCO EM FORMA ORGÂNICA EM OVOS DE GALINHAS POEDEIRAS

Autores: LC Bittencourt^*; AS Sechinato, LFM Tamassia

Tortuga Cia. Zootécnica Agrária – Dep. Pesq. Desenv. - Mairinque – SP - Brasil

Introdução

As linhagens de galinhas poedeiras atuais se caracterizam por alta produção de ovos e precocidade sexual e são criadas em situações de alto desafio sanitário e ambiental, o que aumenta as exigências nutricionais e um dos nutrientes que desempenha um papel fundamental nesses processos de alta produção são os microminerais. Usualmente, a suplementação mineral é praticada sob as formas salinas inorgânicas (óxidos e sulfatos), porém, atualmente é crescente o interesse por determinar e estudar fatores que aumentem a absorção ou a metabolização dos elementos minerais e, neste contexto, um aspecto a ser considerado sobre suplementação mineral diz respeito ao uso de microminerais em forma orgânica, cuja estrutura molecular permite absorção diferenciada, garantindo melhor aproveitamento. Pouca informação está disponível na literatura sobre como a forma complexada em moléculas orgânicas influencia no bioacúmulo destes minerais em aves e ovos, portanto, o objetivodeste estudo foi o de avaliar a influência da utilização de ferro, cobre, manganês e zinco em forma orgânica na dieta de poedeiras comerciais, sobre a deposição destes microminerais nos ovos, tendo como comparativo uma dieta com os mesmos níveis destes microminerais na forma inorgânica (sulfatos).

 Material e métodos

O experimento foi conduzido no Centro Experimental Avícola, Mairinque-SP. Foram utilizadas 320 aves da linhagem Isa Brown, com 37 semanas de idade no início do experimento. Estas foram distribuídas em 2 tratamentos com 8 repetições em delineamento inteiramente casualizado. Tratamentos: premix mineral inorgânico e premix mineral orgânico (carbo-amino-fosfo-quelatos). Os níveis dos microminerais utilizados em ambos os tratamentos foram (mg/kg): 55.000 de zinco, 65.000 de manganês, 50.000 de ferro e 8.000 de cobre. Para as análises dos minerais nos ovos, foram coletados 32 ovos de cada tratamento (8 amostras de 4 ovos) homogeneizados (gema+clara) e analisadas em duplicata. Estas coletas foram realizadas em duas etapas com diferença de um mês entre elas para aumentar a confiabilidade dos resultados: 1^a coleta: foi utilizada a técnica de absorção atômica por chama, sendo possível apenas a detecção de ferro e zinco; 2^a coleta: também técnica de absorção atômica por chama para Ferro e Zinco e por forno de grafite para Cobre e Manganês. Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o PROC GLM do programa computacional SAS e considerando-se como nível de significância 5%.

Resultados e discussão

Na Tabela 1 e 2, seguem as médias de concentração dos microminerais nos ovos de galinhas poedeiras nos diferentes tratamentos, referentes à 1^a e 2^a coleta de ovos.

Tabela 1 - Médias de concentração de ferro e zinco em ovos de poedeiras comerciais nos diferentes tratamentos (ppm) – 1^a coleta.

Tabela 2 - Média de concentração de ferro, zinco, cobre e manganês em ovos de poedeiras comerciais nos diferentes tratamentos (ppm) – 2^a coleta.

De acordo com os resultados apresentados nas Tabelas 1 e 2, podemos concluir que as concentrações de zinco, cobre e manganês nos ovos não são influenciadas pela fonte destes minerais na dieta. Dados divergentes aos descritos por Dobrzanski et al. (2008) que encontraram diferença na concentração de cobre levedura quando comparado à uma fonte inorgânica, e não observaram diferença entre as concentrações de ferro, manganês e zinco. Nos resultados deste experimento encontramos diferença significativa entre a deposição de ferro nos ovos, sendo maior a deposição quando o uso dos minerais em forma orgânica, diferença demostrada nas duas coletas realizadas. Na média entre as duas avaliações, os resultados encontrados foram de 14,77 ppm e 18,05 ppm, para minerais inorgânicos e orgânicos respectivamente. De acordo com a tabela da USDA (National Nutrient Database for Standard Reference), a concentração de ferro em um ovo grande é de em média 0,92 mg. Neste experimento, considerando um ovo grande = 60 g, encontramos: com o uso de minerais em forma orgânica na dieta = 1,08 mg em 60g e com o uso de minerais em forma inorgânica = 0,89 mg em 60g. Ou seja, o uso dos minerais em forma orgânica resultou em uma deposição de ferro 17,39% acima do apresentado na tabela da USDA e o uso de microminerais na forma de sais inorgânicos 3,26% abaixo, lembrando que os minerais estavam na mesma concentração em ambas as dietas testadas.

Conclusão

Com os resultados apresentados neste experimento podemos concluir que o uso de ferro na forma de carbo-amino-fosfo-quelato na dieta de galinhas poedeiras resulta em aumento significativo no conteúdo deste mineral nos ovos.

1.Transferência das amostras | 2. Adição de ácidos para a digestão | 3. Digestão das amostras 4. Análise no espectrômetro de emissão ótica com plasma indutivamente acoplado (ICP OES)

BIBLIOGRAFIA

DOBRZANSKI, Z.; KORCZYNSKI, M.; CHOJNACKA, K. et al. Influence of organic forms of copper, manganese and iron on bioaccumulation of these metals and zinc in laying hens. J. Elementol. 13(3):309-319, 2008.

USDA NATIONAL NUTRIENT DATABASE FOR STANDARD REFERENCE,    Release 19. Valores Nutricionais do Ovo. Disponível em: <http://www.ovosbrasil.com.br/valornutricional.php> Acesso em: 02/07/2010.