Os quatro temas que ainda assolam o agronegócio brasileiro

Os quatro temas que ainda assolam o agronegócio brasileiro

Quatro temas são recorrentes no cotidiano do agronegócio brasileiro e isso só mudará se o setor se autorregular, acredita o conselheiro do CCAS, José Luiz Tejon Megido.

Com a palavra

agosto 27, 2018

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JOSE LUIZ TEJON MEGIDO

Os temas que assolam o agronegócio deixam suas lideranças ocupadas, vociferantes e repetitivas. São os mesmos temas que se repetem por anos, tomando em um momento ou outro uma dimensão mais dramática e mais mediática. Aqui vão os quatro eternos e incomodantes temas do agronegócio que sempre se repetem:

1. Venenos, agrotóxicos, defensivos ou que nome você queira dar – a questão da ciência e tecnologia;

2. O tema das terras no Brasil, os problemas com invasões, assentamentos, índios, cartórios e registros de terras – a ilegalidade reinante;

3. O meio ambiente, esse mesmo, com o Brasil tendo 66% de seu território preservado; todo dia tem alguém querendo criar uma reserva nova ou atacar o assunto: as queimadas e o desmatamento ilegal;

4. Logística, dos custos no Brasil, da burocracia, da infraestrutura, dos portos e bagunça tributária.

Esses grandes assuntos vemos presentes e permanentes sob distintas formas de abordagem ao longo das últimas décadas. Então, está na hora de criarmos um conselho de auto-regulamentação do agro nacional e comitê de ética, o CONAAE.

A partir desse conselho, não deverá se esperar mais por governo nem por elementos alienígenas. O próprio setor deve propor suas auto-regulamentações, criar seu comitê de ética e ali oferecer para a sociedade as linhas perante a tecnologia, o que é preciso ser feito sobre os recursos genéticos do país, os químicos, os agrotóxicos e o uso.

Nesse conselho se definirá as boas práticas ambientais, e cabe em seu comitê de ética avaliar, julgar e punir agentes do agro que não estejam em consonância com a própria auto-regulamentação.

Que os legisladores sigam esse conselho ao invés do setor ficar refém do governo e da própria legislação, onde o lobby e as bancadas acabam virando torcidas organizadas de apaixonados versus detratores.

O setor publicitário na década de 1980 criou o CONAR, o Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária, e para isso integrou representantes da mídia, dos anunciantes e das agências de propaganda. O objetivo era esse mesmo, antecipar, antever e proteger o segmento de investidas externas desprovidas de conhecimentos sobre a comunicação e a livre iniciativa.

O agronegócio precisa – antes de ser julgado, antes de ser atacado e antes das suas próprias lideranças vociferarem a cada dia, a cada semana –, de um conselho integrando os segmentos que o compõe, convocando órgãos de apoio como o capitalismo consciente, por exemplo, doutores em ética e governança.

Se não nos autoliderarmos, alguém fará, e pode não ser nada sensato e inteligente o que disso advirá.  

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José Luiz Tejon Megido Autor

Mestre em educação, arte e história da cultura pelo Mackenzie (SP), doutor em educação pela UDE/Uruguai e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS).

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