Óleos essenciais, fitonutrientes e o futuro da nutrição animal
“É possível uma produção de proteína animal consciente e livre de antibióticos? Sim, é possível. E de forma saudável, eficiente e com alta produtividade.”
A crescente demanda por alimentos saudáveis, livres de antibióticos ou aditivos que levem à liberação de possíveis resíduos na proteína de origem animal e a exigência de sistemas de produção que prezem pelo conforto e bem-estar animal têm levado a indústria de nutrição animal a pesquisar alternativas que viabilizem o trabalho em um sistema de produção intensivo e que se enquadre nas exigências do consumidor final, que está cada vez mais consciente com relação a suas aquisições.
O Brasil é hoje um dos maiores produtores de proteína animal, alimentando parte do mundo com seus produtos. Essa característica se torna mais evidente em casos de surtos sanitários, como a Influenza Aviária ou a Peste Suína, que influenciam diretamente na intensificação das exportações nacionais. Entretanto, para conseguir atender à demanda interna e externa, o sistema intensivo de produção se faz necessário, tornando o uso de ferramentas que propiciem esse trabalho extremamente importante.
A busca por alimentos saudáveis vem alavancando sistemas de produção que prezam por alimentos com essa característica. A produção orgânica é um desses exemplos. Hoje são encontrados inúmeros produtos nas gôndolas de supermercado com esse apelo comercial.
O sistema de produção orgânica é regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento através da Instrução Normativa (IN) N°. 46 (2011) e pela Lei N°.10.831 (2003). A IN Nº. 46 deixa claro, no inciso 4º do artigo 29, que “os aditivos e os auxiliares tecnológicos utilizados devem ser provenientes de fontes naturais...”, excluindo, dessa forma, boa parte dos aditivos melhoradores de desempenho utilizados atualmente nos sistemas de produção intensiva.
Com o intuito de atender a esse mercado, os fitonutrientes ou fitoquímicos, conhecidos como óleos essenciais, são uma alternativa eficaz para manter a produtividade nos sistemas de criação orgânica e/ou livres de antibióticos. Fitonutrientes são compostos extraídos de plantas que têm as mais variadas funções em benefício da saúde animal. Ações como controle da microbiota intestinal e ruminal, proteção antioxidativa, proteção antimutagênica, modulação do sistema imunológico e regulação hormonal (Rodrigues, et al. 2013) são apenas alguns exemplos dos inúmeros benefícios que podemos encontrar nos fitonutrientes.
Ao redor do mundo estima-se que existam aproximadamente 750.000 espécies de plantas, sendo cerca de 300.000 ainda não identificadas. Acredita-se, ainda, que existam entre 30.000 e 75.000 plantas com propriedades medicinais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) já registrou cerca de 20.000 delas, sendo que apenas 400 são amplamente comercializadas pelo mundo (Rodrigues, et al. 2013).
Com base na busca mundial por alimentos saudáveis e a necessidade do produtor em manter os padrões de produtividade, a Uniquímica desenvolveu o produto PHYTO 100, um aditivo à base de óleos essenciais de canela, tomilho e orégano. O sinergismo desses óleos essenciais traz todos os benefícios de um aditivo 100% natural para um sistema livre de antibióticos. Da canela (Cinnamoum ssp) é extraído o Cinamaldeido; do tomilho (Thymus ssp) é extraído o Timol; e do orégano (Origanum ssp) é extraído o Carvacrol.
O PHYTO 100 é um produto natural que pode ser utilizado para todas as espécies e em todas as fases, visto resultados promissores para frangos de corte e postura que apresentam alto desafio produtivo.
Em teste realizado com 1200 frangos de corte Cobb 500, de 1 a 42 dias, avaliando grupo controle (sem adição de promotor de crescimento) em comparação a um grupo tratado com bacitracina de zinco e outro com Phyto 100.
Figuras 1: Dados comparativos (1200 aves, divididas em Grupo Controle (sem aditivo), Grupo tratado com Bacitracina de Zinco e Grupo tratado com Phyto 100) para ganho de peso, conversão alimentar e consumo de ração em frangos de corte da 0 a 42 dias. (Letras diferentes diferem P<0,05)
Observamos que o grupo tratado com Pytho 100 apresentou resultados estatisticamente semelhantes aos obtidos no grupo tratado com bacitracina de zinco para ganho de peso e conversão alimentar, mantendo o mesmo padrão de consumo. Resultados maiores que o observado para o grupo controle, comprovando que animais não tratados tendem a apresentar menor ganho de peso e pior conversão alimentar, sendo esse um grande desafio de sistemas de produção Antibioc-Free.
Em teste realizado com 528 poedeiras Hy-Line W-36, com 65 a 77 semanas de idade, avaliando grupo controle (sem adição de promotor de crescimento) em comparação a um grupo tratado com bacitracina de zinco e outro com Phyto 100.
Figuras 2: Dados comparativos (528 aves, divididas em Grupo Controle (sem aditivo), Grupo tratado com Bacitracina de Zinco e Grupo tratado com Phyto 100) para produção, peso e espessura de casca de ovos e consumo de ração e conversão alimentar em poedeiras de 65 a 77 semanas de idade. (Letras diferentes diferem P<0,05)
Observamos que o grupo tratado com Pytho 100 apresentou resultados estatisticamente semelhantes aos obtidos no grupo tratado com bacitracina de zinco, mostrando-se um excelente substituto a esse aditivo. Observamos novamente resultados maiores que o observado para o grupo controle, comprovando que animais não tratados tendem a apresentar menor produção de ovos e pior conversão alimentar, comprovando novamente o grande desafio produtivo existente em sistemas de produção Antibioc-Free.
Os estudos sobre os benefícios do uso de óleos essenciais para outras espécies se mostraram promissores:
Em peixes, FERREIRA (2012) observou que o uso de óleo essencial de orégano pode atuar como promotor de crescimento para lambari do rabo amarelo. Enquanto que MACHADO et al. (2019) observaram melhora no ganho de peso de alevinos de carpas tratadas com óleo essencial de tomilho. Além de influenciar positivamente a capacidade antioxidante hepática e efeito antimicrobiano, reduziu a mortalidade de peixes.
Em suínos, BATISTA (2018) estudou o sinergismo dos óleos (Carvacrol, Cinamaldeído, Eugenol e Timol) em suínos em crescimento terminação (63 a 169 dias de vida) e concluiu que os óleos essenciais substituíram de forma promissora os promotores de desempenho utilizados na comparação.
A revisão escrita por ALVES et al. (2021) apresenta outros benefícios com o uso de óleos essenciais, que irão favorecer espécies como equinos, pets e ruminantes. Como por exemplo:
Atividade antioxidante, atuando como promotor de saúde para equinos atletas ou pet contra o efeito deletério da oxidação. Ação antioxidante em alimentos protegendo contra oxidação de nutrientes essenciais.
Ação aromatizante, agindo também como palatabilizante e estimulante de consumo.
Atividade anti-inflamatória, auxiliando em tratamento e melhorando respostas produtivas e reprodutivas.
Efeito sobre a morfologia intestinal, melhorando a parede intestinal e atuando sobre vilosidade e profundidade de cripta, consequentemente melhorando absorção de nutriente e produtividade.
Os estudos vêm se mostrando promissores para o uso de óleos essenciais na alimentação animal, seja auxiliando a produção de proteína de origem animal, ou mesmo buscando seus benefícios como promotor de saúde para animais de companhia.
Mais estudos precisam ser realizados com o intuito de mapear mais ações desse componente. Entretanto, hoje já sabemos que é um alimento natural que vai ao encontro da exigência de um novo mercado consumidor que busca alimentos saudáveis, sem resíduo e livre de antibiótico.
REFERÊNCIAS:
ALVES, J.B.; VALDIVIEZO, M.J.; SILVA, C.A.; et al. O outro lado dos ácidos orgânicos e fitogênicos. Pubvet. v.15, n.06, a837, p.1-8, Jun., 2021
BATISTA, E.B. Óleos essenciais no desempenho de suínos em crescimento terminação. Dissertação. UDESC. Lages. 2018.
Instrução Normativa, n° 46, de 6 de outubro de 2011. REGULAMENTO TÉCNICO PARA OS SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Lei, n° 10.831, de 23 de dezembro de 2003. DISPÕE SOBRE A AGRICULTURA ORGÂNICA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
MACHADO, G.C.; REIS, J.H.; BALDISSERA, M. et al. Impactos da suplementação de timol sobre o desempenho carpas capim sob condições adversas e de desafio. 29° SIC UDESC. 2019.
PEREIRA, B.B.; RODRIGUES, F.F.S. e RODRIGUES, A.F.S. Suplementos alimentares de origem vegetal, fitoquímicos e plantas medicinais: diálogos entre benefícios à saúde e toxicidade. ADITIVOS ALIMENTARES. CONCEITOS, APLICAÇÕES E TOXICIDADE. 1 ed. Monte Carmelo – MG: Editora Fucamp, 2 013.
PERREIRA, P. M. F. Essential oil of oregano as growth promoter for Astyanax altiparanae. 2012. 53 f. Dissertação (Mestrado em Biologia e Manejo animal) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2012.
JEAN MARTINS Autor
Coordenador de Soluções Técnicas da Uniquímica
tag: Jean Martins , Óleos essenciais , Uniquímica ,