Combate biológico à verminose
A verminose é uma doença silenciosa que pode gerar diversos prejuízos econômicos e sanitários para os plantéis avícolas.
As aves de produção com maior tempo de vida, como galinhas de postura e reprodutores de frango de corte, são frequentemente acometidas pela verminose, mesmo quando criados em sistemas intensivos.
Em ambientes fechados, hospedeiros intermediários e/ou vetores, como as moscas, por exemplo, podem contribuir para a persistência da verminose carreando os ovos dos vermes entre as gaiolas. No entanto, quando as aves são criadas soltas ou com acesso ao ar livre, a dificuldade no controle da verminose pode ser ainda maior, devido ao contato direto com os ovos dos vermes e com maior variedade de insetos. Além disso, quando em contato com o solo, as aves podem se recontaminar, prejudicando a eficiência dos anti-helmínticos.
Dessa forma, considerando a crescente mudança de sistemas intensivos de criação para sistemas como o cage-free, o free-range e o caipira, torna-se ainda mais importante controlar a verminose.
A restrição do uso de anti-helmínticos químicos é outro fator que dificulta o controle da verminose. Muitas fábricas de rações não possuem certificação que permita o uso de medicamentos via ração. Ainda existem medidas regulatórias no uso de medicamentos para ovos de consumo humano e para alguns sistemas de criação. Essas limitações no uso de químicos impulsionam as empresas avícolas a investir em alternativas naturais para o combate da verminose, sendo uma delas o controle biológico.
Controle biológico é a utilização de um inimigo natural para a redução da prevalência de um determinado agente etiológico. Existem diversos trabalhos na literatura demonstrando a eficiência in vitro e in vivo de fungos helmintófagos para controle biológico de vermes que acometem as aves. Esses fungos se alimentam de larvas e ovos que estão no ambiente, sendo uma entre as escassas alternativas existentes para o controle ambiental da verminose. Os ovos de vermes são extremamente resistentes, toleram condições climáticas adversas e desinfetantes, podendo sobreviver durante anos no ambiente, sendo o maior desafio para reduzir a verminose nos plantéis.
Os fungos que podem ser utilizados para o controle biológico da verminose são extraídos da natureza, inclusive alguns são saprófitas e, portanto, não dependem da presença do parasita no solo para sua sobrevivência. Ainda, como são fornecidos junto à ração, devem possuir capacidade de sobreviver à passagem de forma inerte pelo sistema digestório das aves. Esses fungos podem possuir capacidade ovicida ou larvicida. A ação ovicida ocorro por efeito lítico, com alteração morfológica do embrião e casca do ovo do verme, a partir da colonização externa do ovo pelo fungo e posterior penetração de hifas. Já a atividade larvicida, ocorre por ação predatória, devido à habilidade de fazer armadilhas a partir de suas hifas, que prendem as larvas para posterior consumo.
Os fungos helmintófagos podem ser utilizados para prevenção da verminose sinergicamente às medias de biosseguridade, podendo ser associados também ao uso de anti-helmínticos químicos ou naturais, principalmente quando existe uma infecção estabelecida, ou seja, quando são encontrados vermes adultos durante as necrópsias.
Portanto, o controle biológico é uma excelente alternativa para a redução da verminose nos plantéis avícolas, contribuindo com as novas tendências e demandas de mercado.
Para saber mais sobre combate biológico à verminose acesse: www.cinergis.com.br
(Imagens/ilustrações da articulista/Cinergis)
CAMILA ORO Autor
Médica veterinária e coordenadora técnico-comercial da Cinergis
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