Seca deixa vazios aviários de São Bento do Una, em Pernambuco

Seca deixa vazios aviários de São Bento do Una, em Pernambuco

Falta d'água afeta também a venda de ovos, que subiram de preço; produtores de frango pensam em encerrar definitivamente a produção.

Ovonews

maio 01, 2013

0
../../arquivos/img/2013/5/338_743_conteudo_g.jpg
Feirante, em São Bento do Una: preço do ovo subiu por causa da seca

Infeliz mote para reportagens, a seca ganha as páginas de jornais e as telas da TV. Em Pernambuco, onde o quadro se agrava de forma alarmante, a avicultura vive um dos períodos mais críticos de sua história. No município de São Bento do Una, que tem na avicultura a grande fonte de renda – ao lado da pecuária leiteira -, a situação está impossível, com avicultores já pensando em deixar a atividade.

Parte de uma série sobre o assunto, a seca no Nordeste também ganhou as telas da Rede Globo com reportagens sequenciais sobre esse flagelo que assola os produtores da região. Produtores de frango e de ovos convivem há meses com as dificuldades na produção por causa da falta de água, além de outras dificuldades inerentes à atividade nos estados que compõem a região Nordeste.

Segundo o pernambucano Jornal do Commercio, a seca provocou uma redução de cerca de 20% da produção, em relação ao final do ano passado. “A oferta diminuiu e aí o preço aumentou. E a redução da produção será mantida, enquanto durar a seca”, explicou ao jornal o produtor de ovos Josimário Florêncio, presidente da Associação Avícola de Pernambuco, a Avipe. Tanto a carne como o ovo tiveram, em média, um reajuste de 10% no preço das vendas feitas pelos produtores. Essa alta já começou a ser sentida pelo consumidor.

A falta de chuvas trouxe mais custos para um setor que já tem outro problema: a alta no preço da matéria-prima por causa do frete, que aumentou cerca de 50% de janeiro a abril. Essa alta ocorreu porque os caminhões estão transportando a safra do Sudeste e Centro-Oeste para os portos. “Trazer a água para a os animais está elevando os custos de produção em 10% e isso está acabando com o lucro das empresas, que trabalham com uma margem de 5% a 6%”, destacou Florêncio. Segundo o Jornal do Commercio, “quem ainda tem água na propriedade para oferecer às aves convive com outro problema: o excesso de sal. “Isso faz os frangos beberem mais água, mas dá uma diarreia no animal, dificultando a absorção dos nutrientes”, explicou o vice-presidente da Avipe, Rildo Roque Ferraz. Geralmente, o frango de corte leva 40 dias para ficar adulto e ser abatido. Com o uso de água salobra, esse período aumenta de 48 a 50 dias.

Além de São Bento do Una, o problema da água salobra atinge alguns aviários instalados em Lajedo, Pesqueira, Belo Jardim, Cachoeirinha, Sanharó e Tacaimbó, todos em Pernambuco. Essas cidades são responsáveis por 60% da produção de ovos e frangos do Estado. Segundo o presidente da Avipe, Josimar Florêncio, a região produzia, no final de 2012, 1 milhão de frangos por semana e cerca de 1,5 milhão de ovos diariamente. Atualmente, são cerca de 800 mil frangos por semana e aproximadamente 1,2 milhão de ovos diários. “Embora a Avipe não tenha um levantamento com os números exatos, a estimativa é de que 20% dos produtores da região tenham fechado as portas. Essa quebra começou em fevereiro e só está se agravando”, lamentou Florêncio na reportagem.

A reportagem da Globo Nordeste esmiúça a situação da região que mais produz ovos e frangos no Estado de Pernambuco. “Por causa da estiagem, há dois meses os aviários estão vazios. Os donos só pensam em encerrar definitivamente a produção de frangos, com que trabalham há mais de 20 anos. As aves não podem ficar sem água nem um instante. E o reservatório mais próximo fica a 40 quilômetros de distância.

Produtores dão a medida da situação, falando à reportagem da Globo. A avicultora Ana Paula Tavares Moraes expõe a quantas anda a situação de quem sempre se dedicou à avicultura na região: “A gente está esperando pra ver o que vai acontecer. Esperando chuva, esperamos o ano todo, final do ano e até agora nada. Se isso não acontece, a gente vai fechar a granja. E vão viver de quê? Se é do pouco de gado que nos resta, se vamos ter que nos mudar para a cidade. Ninguém sabe. É esperar Deus agora.”

Tudo isso se reflete na venda dos produtos para o consumidor, mostra a reportagem da Globo. “Na feira, o preço dos ovos subiu. A bandeja com 30 unidades passou de R$6,50 para R$8,00.

(A Hora do Ovo, com informações do G1 e Jornal do Commercio, de Pernambuco)

0 Comentários