Identificado o ácaro que infestou poedeiras em aviários paulistas

Identificado o ácaro que infestou poedeiras em aviários paulistas

Trata-se de um novo gênero e uma nova espécie de ácaro da superfamília Analgoidea – conhecida como ácaros plumícolas, ainda não descrito na literatura mundial

Ovonews

junho 15, 2012

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Ave infestada com o ácaro em aviários paulistas

 

A infestação de ácaros em aviários paulistas e que gerou consideráveis prejuízos em granjas de produção de “ovos de mesa” no ano passado, está muito perto de ser elucidada. É que foi concluída a identificação da espécie de ácaro causadora dos problemas, conforme relata a Dra Edna Tucci, pesquisadora do Instituto Biológico: “Recebemos o retorno do Dr. Sergey V. Mironov, chefe do Laboratório de Parasitologia do Instituto de Zoologia da Academia Russa de Ciências - através do contato com o Dr. João Luiz H. Faccini, professor titular do Departamento de Parasitologia Animal do Instituto de Veterinária da UFRJ - informando que o material encaminhado trata-se de um novo gênero e uma nova espécie de ácaro da superfamília Analgoidea – conhecida como ácaros plumícolas , ainda não descrito na literatura mundial”.

Formado pelos professores Dr. João Luiz H. Faccini, da UFRJ, Dr. Ângelo Pires do Prado e Davi Vilas Boas, da Unicamp, e as pesquisadoras do Instituto Biológico Edna Tucci e Nilce Soares,  o grupo de pesquisadores envolvidos com o trabalho de identificação do ácaro pede a colaboração de todos os colegas no sentido de aguardarem para divulgar os resultados de pesquisa obtidos até o presente momento. É que segundo o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, é preciso que primeiramente ocorra a publicação da descrição para depois serem divulgados os resultados de pesquisas realizados com a nova espécie.

Os pesquisadores ainda ressaltam que qualquer publicação impressa – científica ou de divulgação - que envolva o ácaro, antes da publicação oficial (descrição), incorrerá em nomen nudum, comprometendo desse modo o processo de identificação. Nomen nudum é o termo utilizado para indicar que o nome utilizado em uma publicação é nulo, ou seja, a publicação que contém o nomem nudum se desvaloriza cientificamente. Os nomes nulos eram mais frequentes no passado, quando nem todos os taxonomistas (cientistas responsáveis por identificar, nomear e classificar os seres vivos) estavam informados dessas regras e a comunicação entre os mesmos era precária.

O grupo de pesquisadores recomenda que, por se tratar de um problema novo na avicultura de postura, levará um certo tempo até se obter informações precisas sobre a ocorrência, dispersão, biologia, epidemiologia e controle desse parasita. No entanto, algumas medidas de prevenção deverão ser adotadas para tentar evitar a introdução desse ácaro nas propriedades, tais como:

Realizar periodicamente uma inspeção minuciosa dos plantéis para o diagnóstico precoce da infestação. Aves com queda de produção, refugagem, irritação e prurido intenso devem ser cuidadosamente examinadas.

Quanto ao controle de trânsito de pessoas, veículos e utensílios em geral: limitar o acesso às granjas, controlando a entrada e a circulação de funcionários e visitantes. Quando houver a necessidade de entrada, recomendar o banho e a troca de roupas e calçados; utilização de equipamentos de proteção adequados.

Os veículos que entrarem nas granjas devem estar limpos e ser pulverizados com inseticidas/desinfetantes, dando-se especial atenção aos veículos que circulam entre as propriedades, como os caminhões de descarte de aves e esterco, sendo a medida mais correta, realizar a entrega das aves e do esterco na entrada das granjas. O mesmo procedimento dever ser adotado para receber as aves de reposição.

As equipes de vacinadores, debicadores externos e vendedores devem ter acesso controlado.

Controle de moscas, roedores e pragas deve ser intensificado por serem potentes vetores na transmissão de ácaros.

O controle ambiental com a queima de penas com vassoura de fogo é uma medida auxiliar, tanto para as regiões de foco como uma medida preventiva em geral.

Todas as recomendações a respeito do tratamento de aves infestadas devem ficar a critério dos responsáveis técnicos de cada granja, que devem responsabilizar-se por suas prescrições. Estes devem estar atentos aos tipos de princípios ativos recomendados, modo de utilização, resíduos, manipulação, manuseio, carência de cada droga, assim como a indução de resistência.       

No descarte de lotes infestados, tratar as aves antes da saída da granja para o abatedouro, com produtos acaricidas. Envolver a carga com malhas de nylon para se evitar a distribuição e dispersão de penas ao longo do percurso.

A equipe continua trabalhando nos estudos científicos para identificar os danos causados à produção e à saúde das galinhas, e também os métodos de controle estão sendo desenvolvidos. E assim que for possível os resultados serão divulgados aos técnicos, produtores e à comunidade interessada.

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