O consumo de ovos e a saúde do idoso
O tema é abordado pela nutricionista Lúcia Endriukaite, do Instituto Ovos Brasil, e mostra como o ovo pode desempenhar importante papel na saúde dos mais velhos.
Ovos na alimentação dos idosos: saúde e vitalidade |
Entende-se como idoso no Brasil a pessoa com 60 anos ou mais (1). Estima-se que até 2025 haverá um aumento significativo na população idosa e o Brasil será o 6º país no mundo com o maior número de idosos. De acordo com a OMS, a Organização Mundial de Saúde, o envelhecimento é um processo natural, dinâmico e complexo caracterizado por alterações funcionais e bioquímicas (2).
Pesquisa realizada com idosos do ABC Paulista identificou que a qualidade de vida em declínio estava relacionada, neste grupo, à má saúde geral, estado emocional alterado e preocupação geral, inclusive financeira (3).
A alimentação tem uma grande importância na saúde, pois com o avanço da idade, alterações fisiológicas podem mudar ou alterar o hábito alimentar. Mastigação, deglutição e digestão ficam prejudicadas, o que pode ocasionar alterações do estado nutricional. Interações entre medicamentos e nutrientes também são bastante comuns, levando o idoso a deficiências nutricionais.
Com o avanço da idade, alterações fisiológicas ocorrem naturalmente, como diminuição da absorção de cálcio e menor biodisponibilidade de produção de vitamina D pela pele com consequente redução da massa óssea, diminuição da massa magra, alterações no sistema imunológico, alterações na visão, alterações no sistema digestivo com alteração no paladar e salivação, percepção de olfato, redução da produção de secreção gástrica, maior estresse oxidativo, entre outros.
O ovo é fonte de proteína e seu consumo auxilia a evitar a perda de massa magra. De acordo com o grupo PROT-AGE, evidências mostram a necessidade de um aumento de ingestão de proteínas para o idoso. Essa necessidade ocorre devido ao declínio da resposta anabólica. Esse aumento é necessário pelo efeito das respostas inflamatórias e condições catabólicas associadas com doenças agudas e crônicas que ocorrem com a idade (4).
Nutricionalmente equilibrado, o ovo possui em sua composição carotenóides importantes para a saúde dos olhos: a luteína e a zeaxantina – cuja eficácia da absorção e benefícios foram comprovados a partir de dois estudos. Godrow at all, concluíram que o consumo de ovos por 33 pessoas acima de 60 anos durante 12 semanas elevou os níveis de luteína e zeaxantina sem elevar o colesterol plasmático (5), e estudo realizado por Wenzel at all com 24 pessoas mostra que as pessoas que consumiram 1 ovo ao dia por 12 semanas tiveram aumento da densidade óptica, aumento da zeaxantina no soro, sem elevação do colesterol plasmático (6).
O ovo é rico em nutrientes antioxidantes importantes para a saúde, como vitamina A, zinco, magnésio e selênio.
O ovo é também um dos poucos alimentos que possuem vitamina D em sua composição e, por isso, pode efetivamente contribuir para um melhor aporte dessa vitamina para a manutenção do equilíbrio do organismo. Outra vitamina encontrada no ovo, cuja deficiência o idoso costuma ter, é a vitamina K, que participa do processo de coagulação do sangue. Também é comum a deficiência de ferro e esse mineral torna-se biodisponível após o processo de cocção do ovo (gema).
A colina, presente em grande quantidade no ovo é uma vitamina do complexo B fundamental na produção de acetilcolina, que está relacionada à condução do impulso nervoso nos neurônios relacionados à memória, que declinam com a idade. A deficiência de colina também está relacionada a processos inflamatórios responsáveis pelas doenças cardiovasculares (7).
O ovo é um alimento saboroso, prático e saudável, e deve fazer parte da alimentação do idoso. O Instituto Ovos Brasil incentiva o consumo desse alimento associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Também recomenda o cozimento do ovo como a melhor forma de preparo, pois preserva os nutrientes e ainda evita o incremento de calorias adicionais.
Bom apetite!
Lúcia Endriukaite é nutricionista do Instituto Ovos Brasil. Especialista em Nutrição Esportiva e Administração em Serviços de Nutrição e Dietética e membro fundador da Associação Paulista de Fitoterapia – APFIT.
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Referências bibliográficas
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica- Alimentação saudável para a pessoa idosa. Um Manual para profissionais de saúde.2. OMS - Organização Mundial da Saúde. Envelhecimento Ativo: uma Política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.3. Yokoyama, C.E. Qualidade de vida na velhice segundo a percepção de idosos frequentadores de um centro de referência; Psicologo – informação, ano 10, No 10, jan/dez 2006.4. J. Bauer et al. Evidence-Based Recommendations for Optimal Dietary Protein Intake in Older People: A Position Paper From the PROT-AGE Study Group / JAMDA 14 (2013) 542 a 5595. Goodrow,E et al.Consumption of one egg per day increases serum lutein and zeaxanthin concentrations in older adults without altering serum lipids and lipoprotein cholesterol concentrations. Journal of Nutrition. 136:2519-25246. Wenzel et al. A 12-Wk Egg Intervention Increases SerumZeaxanthin and Macular Pigment Optical Density in Women. Journal of Nutrition 2006 136: 2568-25737. Zeisel SH. The fetal origins of memory: the role of dietary choline in optimal brain development. Pediatr. 2006; 149(5 Suppl):S131-6Lúcia Endriukaite Autor