Produção, consumo e exportação marcaram debate de lideranças na Conbrasul

Produção, consumo e exportação marcaram debate de lideranças na Conbrasul

Conbrasul pôs em discussão a importância dos desafios, como consumo, exportação, sanidade, preço de insumos e qualidade do produto ovo; como enfrentá-los?

POLOS DO OVO

novembro 29, 2021

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No período da tarde desse dia 29 de novembro, a Conbrasul Ovos 2021 levou ao palco do evento um debate entre lideranças ressaltando desafios importantes nos dias atuais para fazer evoluir a produção de ovos. O evento, que teve início no domingo, dia 28 de novembro, em Gramado (RS), prossegue até o dia 1 de dezembro, numa organização assinada pela Asgav, a Associação Gaúcha de Avicultura, e Programa Ovos RS.

Mediado pela jornalista Tais Teixeira, do jornal Correio do Povo, o colóquio reuniu Denilson Dorigoni, presidente da Granja Faria; Edival Veras, produtor e presidente do Instituto Ovos Brasil; Anderson Herbert, diretor comercial da Naturovos; e Francisco Turra, presidente do conselho diretivo da ABPA.

Primeiro a falar, Denilson Dorigoni, da Granja Faria, analisou o momento atual, em que há muitas dificuldades para o produtor de ovos. Segundo ele, existem diversas maneiras de interpretar o mercado e, com algumas delas, é possível melhorar a rentabilidade do negócio.

DENISON
Denison Dorigoni: consumo e controle de produção

Ele acredita ser necessário fazer um investimento no aumento do consumo de ovos, de forma que o produtor fique ainda mais próximo do consumidor, estimulando-o para ser fiel ao produto ovo. “O segundo ponto é o controle de produção”, apontou Dorigoni, que lidera uma das maiores granjas de produção de ovos do país, produção com qualidade e gestão de excelência. “Trabalhando esses dois pontos nós conseguiremos rentabilizar nossa atividade”, disse ele.

O avicultor Edival Veras, presidente do Instituto Ovos Brasil, e produtor numa das regiões que mais crescem no segmento de ovos do país, o Estado de Pernambuco, avaliou que um dos problemas do segmento é a falta de união. “A mensagem que o Instituto Ovos Brasil quer levar para os produtores é que precisamos ser mais unidos. Nós temos um problema muito grave no Brasil que é a liderança na produção. Nós sabemos que cada associação estadual faz um trabalho muito bom, que a ABPA e a Ovos Brasil também fazem um trabalho muito bom, mas só isso não adianta. Nós precisamos unir os produtores para que valorizem ainda mais o ovo.”

EDIVAL
Edival Veras: união do segmento é fundamental

Para ele, são necessárias duas estratégias: “A estratégia de defesa, que é planejarmos melhor a produção, ano a ano. E a outra estratégia, que não só aumentar consumo, é aumentar consumo com valorização do produto, e para isso, precisamos de uma adesão maior para que possamos fazer campanhas e valorizar o produto. Precisamos ter posição e liderança para se organizar e ter responsabilidade com o que fazemos. Porque, quando produzimos mais do que o mercado consome, estamos sendo irresponsáveis até com colaborador da nossa empresa”, avaliou.

Anderson Herbert, diretor comercial da Naturovos, avaliou o mercado de ovos com o impacto da pandemia da covid-19. Ele concorda com o Edival Veras de que precisa haver uma união maior entre os produtores “e observar o que o mercado está nos dizendo. Nós vemos uma curva de crescimento do consumo nos últimos 5, 6 anos. Na pandemia, em março do ano passado, vimos a falta de produto, vimos o Procon vindo para cima do produtor dizendo que estávamos aumentando o preço demais; nós vendíamos superbem. Só que depois veio a produção a mais e a falta de renda do consumidor.”

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Anderson Herbert: pandemia foi céu e inferno

Segundo Herbert, o produtor de ovos viveu bons e maus momentos durante a pandemia. ”A pandemia mostrou o céu e o inferno à produção de ovos”, disse ele, avaliando, também, que é necessário fazer um ajuste de mercado e que isso exige planejamento.

Quando o assunto é exportação, Denilson Dorigoni, da Granja Faria, avalia que a primeira dificuldade do produtor é a logística, e ao lado dela, o custo de produção do ovo brasileiro, que é muito maior do que o dos concorrentes. “Enquanto nosso concorrente consegue chegar ao mercado com um custo de 2 dólares por caixa, nós fazemos isso com 5 ou 6 dólares/caixa.”

É preciso enfrentar os desafios do mercado interno e externo, segundo ele, com todos os problemas que há. “Precisamos participar do mercado inteiro, como um todo, e não participar somente dos momentos bons”, argumentou o executivo.

O experiente Francisco Turra, que liderou por anos os segmentos de aves e suínos, e viveu a evolução do mercado brasileiro de frango, especialmente o mercado externo, avaliou que é possível alcançar patamares maiores para o ovo brasileiro, seja no mercado interno ou externo. E ressaltou que eventos como a Conbrasul são fundamentais para debater como fazer para vencer os desafios.

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Francisco Turra: descobrir caminhos

Turra disse que é preciso encontrar caminhos diferentes, que sejam propícios ao ovo brasileiro. Que é preciso ter mais disponibilidade de insumos, de grãos, mais do que propriamente melhores preços. “E é fundamental descobrir caminhos para exportar. Nós vimos nas feiras que fomos lá fora, em anos anteriores, produtos diferenciados que se tornaram atração. Então, eu imagino que há mercado para o ovo brasileiro lá fora. Nós estamos de certa forma acomodados porque o consumo nacional cresceu bastante. Mas, até que ponto ele pode crescer? Vocês acham que a economia, daqui para o final do ano que vem, vai melhorar?”, questionou Turra.

E disse mais: “Ovo continua sendo uma proteína fantástica. Eu acredito que a ABPA, com a parte de inteligência que faz, vai encontrar rumos”. E concluiu: “Enquanto vocês, produtores, estiverem vindo aqui, indo aos eventos, para refletir, eu tenho certeza de que vai ser possível encontrar uma fórmula”.

Sobre sanidade, todos foram unânimes: o Brasil faz muito bem sua lição de casa. Mas não pode vacilar. Precisa seguir investindo em sanidade. “Investir em sanidade é um dos melhores retornos de investimentos que se faz”, apontou Denison, da Granja Faria. “Porque ave sadia produz bem. Se você não investe em sanidade, terá custos.”

Turra considerou que a iniciativa privada está fazendo a sua parte e que o status sanitário brasileiro é cem por cento. “Eu diria até que é possível hoje, mais fácil, você entrar num hospital do que entrar numa planta avícola brasileira. Somos extremamente confiáveis”, concluiu.

(A Hora do Ovo, presente na cobertura da Conbrasul Ovos 2021. Fotos: Elenita Monteiro e assessoria de imprensa da Conbrasul)

tag: Conbrasul 2021 , Francisco Turra , Denison Dorigoni , Edival Veras , Anderson Herbert ,

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