“Ovo ganha status de prato principal na pandemia”, mostra Folha de S. Paulo
Reportagem publicada na edição impressa deste domingo, dia 7 de março, mostra como o alimento ganhou a preferência do consumidor a partir de 2020.
O ovo ganhou chamada de capa e matéria especial na editoria Agrofolha, da Folha de S. Paulo, neste domingo, dia 7 de março. A reportagem de Amanda Lemos fala sobre o protagonismo do ovo na mesa do consumidor, desde que a pandemia começou, em 2020.
A jornalista ouviu o executivo Ricardo Santin, presidente da ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal, que falou sobre o trabalho do Instituto Ovos Brasil para desmistificar o alimento associado ao colesterol e elevá-lo à categoria merecida junto às famílias brasileiras.
Na linha produtiva, o jornal ouviu o tradicional avicultor Sérgio Kakimoto, da Granja Kakimoto de Bastos, no Oeste Paulista. Kakimoto fala sobre o aumento exponencial dos custos de produção, um dos grandes desafios do produtor de ovos brasileiro durante a pandemia da Covid-19.
Para Juliana Ferraz, analista do Cepea, a alta que houve no preço dos ovos ao consumidor não significa que o segmento vai bem, já que o cenário de altos custos de produção também bate à porta dos avicultores.
Amanda Lemos também conversou com o avicultor Gilson Katayama, da Katayama Alimentos, empresa sediada em Guararapes, Noroeste do Estado de São Paulo, que superou a casa de 1 bilhão de ovos produzidos em 2020 e segue crescendo no mercado, com qualidade e variedade de produtos para o consumidor.
Veja em detalhes o que a Folha de São Paulo disse sobre esse novo momento do ovo no país. Confira a reportagem completa no link Ovo ganha status de prato principal durante a pandemia ou no texto abaixo:
Com inflação das carnes e queda na renda, o ovo ganha status de prato principal na pandemia
Frito, mexido, poché. Não importa a receita, o ovo aparece como protagonista em muitas refeições durante a pandemia. Não foi por questão de saúde, mas financeira. Uma combinação de inflação das carnes e queda da renda conferiu um novo status a essa fonte de proteína.
Segundo Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o setor cresce nos últimos dez anos puxando principalmente por um trablaho de desmistificação desse alimento. Vilão do colesterol nos anos 1990 e 2000, o ovo agora é apontado como um regenerador da estrutura física, capaz de retardar o envelhecimento.
“Fizemos uma campanha forte de esclarecimento, e tivemos no último ano um impulso com a alta no preço da carne”, afirma.
Em relação a 2010, o consumo de ovos per capita subiu 69,5%, para 251 unidades no ano passado. Ante 2019, o crescimento foi de 9,1%.
Na outra ponta, o produtor comemora, mas com ressalvas. Aumentos nas cotações de milho, farelo de soja e outros insumos pressionam o custo de produção e encarecem o alimento que precisa ser uma alternativa mais barata. Resultado: desde a chegada do coronavírus no país, o ovo bate recordes de preços.
Quando a população correu para os supermercados no início da pandemia, Bastos (SP), que concentra a maior parte da produção nacional, vendia a caixa de 30 dúzias do ovo branco tipo extra a R$116,84. A do vermelho, a R$137,36. Os valores já eram recordes na série do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), descontada a inflação.
Em fevereiro deste ano, ovos brancos e vermelhos atingiram, respectivamente, o valor de R$122,85 e R$144,90. Em 1º de março, o branco superou novamente o recorde (descontada a inflação): R$130,83.
Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), nas prateleiras, a maior alta da dúzia de ovos foi em abril do ano passado, quando atingiu R$9,45. Em janeiro deste ano, saía por R$9,15.
“Para o produtor, a alta não significa que o setor está bem, o cenário é desfavorável”, diz Juliana Ferraz, analista de mercado pecuário do Cepea.
Segundo ela, o setor é formado por pequenos e médios produtores que sofrem para fechar a conta com alta no valor de insumos atrelados ao dólar.
“Houve um crescimento exagerado no preço das rações, e tudo foi ficando mais caro: enzimas, vitaminas, minerais”, diz Sérgio Kakimoto, proprietário de uma granja de médio porte em Bastos. Com 650 mil aves, ele usa 80 toneladas de ração por dia. “Tive que reduzir a oferta para ajustar o preço de venda ao custo”, diz.
O setor também sofre com o custo de papelão, usado nas embalagens, combustível, e insumos químicos para desinfecção e tratamento de água, afirma Gilson Katayama, diretor comercial do Grupo Katayama, uma das cinco maiores produtoras do país. O grupo conseguiu superar 1 bilhão de ovos produzidos em 2020.
Com o consumo interno forte, o setor começa a olhar para o mercado externo, para onde segue apenas 1% da produção. “Acontece uma evolução na indústria de ovo processado, em pó, líquido, com um olho na exportação”, diz Santin.
Para 2021, a previsão de César de Castro Alves, consultor de agronegócio do Itaú BBA, é que o preço da carne não dê alívio. Assim, o setor de ovos segue com margens para crescer. “Mesmo com a pressão de preços, o ovo atravessa a crise com a maior taxa de sucesso entre as proteínas”, diz.
A projeção é que, mesmo com o custo em alta, o setor preserve a preferência. “O produtor terá problemas com o custo do milho e do farelo de soja, mas o ovo segue na mesa.”
(A Hora do Ovo, com matéria da Folha de S. Paulo. Imagem interna: print da reportagem "Com inflação das carnes e queda na renda, o ovo ganha status de prato principal na pandemia")
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