Quarentena e quaresma ampliam demanda por ovos; custos de produção aumentam

Quarentena e quaresma ampliam demanda por ovos; custos de produção aumentam

Produtores vivem uma rotina de altos preços na produção de ovos, mas mantêm produtividade dentro dos parâmetros normais.

Ovonews

abril 03, 2020

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Em tempos de pandemia e quarentena no Brasil, os ovos têm sido um dos produtos mais procurados nos supermercados. É uma proteína mais barata, rica em nutrientes e fácil de armazenar em casa. E, embora o consumidor, em várias praças do país, esteja reclamando dos preços mais altos do produto, para os avicultores está mais difícil produzir pois os custos aumentaram bastante.

Com a demanda em alta, há inclusive falta do produto em vários pontos do país. À alta na demanda comum no período da Quaresma somou-se a maior busca pelo produto nos supermercados devido à pandemia da Covid-19, que leva a população a ter medo de desabastecimento de alimentos.

Segundo a ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal, em meio à crise da Covid-19, a orientação é para que os setores de aves, ovos e suínos do Brasil se mantenham empenhados na manutenção do fluxo de oferta de alimentos para a população brasileira. A entidade tem garantido que não haverá desabastecimento. “Nossas empresas associadas estão focadas na saúde de seus colaboradores e no abastecimento de alimentos para a população”, informa a ABPA.

Segundo o Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, os supermercados, tanto atacadista quanto varejistas, têm aumentado os pedidos por novos lotes de ovos, visando garantir estoques e ter produto disponível para o consumidor final. No entanto, avaliam os colaboradores do Cepea, a oferta do produto está baixa desde o início de 2020. “A diferença entre os volumes demandado e ofertado aumentou significativamente, impedindo que parte deles consiga fornecer toda a quantidade pedida. Quanto aos preços, as dificuldades em atender à demanda têm sido diferentes entre as regiões acompanhadas, fazendo com que as variações sejam distintas entre as praças, o que não é comum para a avicultura de postura”, indica o centro de estudos.

Em reportagem no Jornal do Comércio, de Porto Alegre (RS), a análise é de que a dúzia do ovo ficou 17,13% mais cara no período entre o início do ano e o final de março. São dados obtidos pela reportagem do jornal junto ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Mas, se por um lado, os ovos estão mais caros para o consumidor, para o avicultor isso não significa ganho exatamente, pois os custos com a produção também subiram substancialmente.

Em entrevista ao Jornal do Comércio, da capital gaúcha, José Eduardo dos Santos, diretor executivo da Asgav, salientou que, com a estiagem, a saca de 60 quilos de milho chegou ao valor de R$53,00, alta de 39,5% em relação ao mesmo período de 2019. O farelo de soja, por sua vez, alcançou R$1,7 mil a tonelada, 40% a mais do que no ano passado. Isso, sem falar na alta dos preços de outros insumos que compõem a ração das aves ou mesmo suprem outras áreas da produção de ovos. “A alta do preço e as dificuldades de entrega do produto devem ter mudanças em breve por questões logísticas também. Já os preços devem se normalizar um pouco, mas não muito, porque os custos seguem elevados”, alertou José Eduardo. 

(A Hora do Ovo, com informações do Jornal do Comércio/RS, Cepea e ABPA)

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