Blog de O Globo relembra estudo que desmistificou o ovo

Blog de O Globo relembra estudo que desmistificou o ovo

Texto destaca a importância do estudo britânico, ouve nutricionistas e Ricardo Santin, que defendem a notícia com responsabilidade para evitar erros sobre os alimentos.

Ovonews

fevereiro 25, 2019

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Naíse Domingues abre o texto do Blogo do Acervo, no jornal O Globo desse dia 19 de fevereiro, lembrando que faz 10 anos de um estudo britânico que “absolveu” o ovo da vilania do colesterol.

 Sob supervisão de William Helal Filho, o texto traz importantes informações sobre o começo do fim desse mito que “encostou” no ovo e parecia disposto a não sair nunca mais. Mas a “mentira” bem pregada - que parece dar credibilidade ao ditado “A mentira dita muitas vezes se transforma em verdade” – bateu de frente com estudos sérios e científicos sobre o ovo e a alimentação humana, e, entre eles, o trabalho da Universidade de Surrey, no Reino Unido, publicado em 2009, e que virou esse jogo, segundo a articulista do Blog do Acervo.

Vale a pena conferir o texto na íntegra, no qual, ela ouve as nutricionistas Aline Rodrigues – especializada em Nutrição Clínica e Controle de Qualidade de alimentos – e e Bia Raque, nutricionista e mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ. A articulista também ouviu Ricardo Santin, presidente do conselho diretivo do Instituto Ovos Brasil. Todos concordam que o ovo esteve sob ataques esse tempo todo “graças” à propagação da informação descuidada, que, longe de se apegar às máximas da ciência, enveredou pelo caminho mais fácil da mera repetição da “mentira”.

Confira a seguir o texto do Blog do Acervo, de O Globo, ou vá direto na fonte (exclusivo para assinantes): Dez anos após estudo que 'absolveu' o ovo, o que sabemos sobre os benefícios do 'superalimento' 

Há mitos, mudanças e controvérsias sobre o que é, de fato, uma alimentação saudável. Há dez anos, por exemplo, uma pesquisa mudou totalmente a maneira como os nutricionistas encaravam o ovo na dieta humana. Até então, havia ressalvas em relação ao alimento, que deveria ser consumido com moderação. Mas um estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, publicado em fevereiro de 2009 no Boletim da Fundação Britânica de Nutrição, virou esse jogo. De vilão a herói da dieta, estampou O Globo, no título da reportagem sobre a pesquisa.

O trabalho da instituição britânica ajudou a derrubar a fama de trampolim do colesterol que tinha ovo na época, garantindo que o alimento era, na real, um forte aliado para uma dieta balanceada. Entretanto, segundo nutricionistas, muitos pacientes continuam em dúvida sobre a quantidade ideal a ser ingerida ou ainda se o produto é recomendado mesmo a quem tem problemas de coração.

- Muitas pessoas ainda têm dúvidas, perguntam se aumenta mesmo o colesterol e querem saber quantos ovos podem comer por dia. Mas, hoje, podemos dizer que o ovo está absolvido. Podemos ingerir diariamente, na quantidade indicada dentro da dieta pelo nutricionista - explica a nutricionista Aline Rodrigues, especializada em Nutrição Clínica e Controle de Qualidade de alimentos.

O alimento, que já foi considerado inimigo número 1 dos níveis de colesterol no organismo, hoje é um queridinho para quem mantém uma alimentação saudável, devido a seu valor nutritivo, principalmente para pessoas que praticam musculação e outras atividades físicas. Além de ser fonte de vitaminas e minerais do complexo B e de ômega 3, a proteína encontrada na clara do ovo, chamada albumina, auxilia na construção de massa muscular. E, ao contrário do que se acredita, a gema não deve ser descartada, pois também tem valor nutricional para esse fim.

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Notícia no O Globo há 10 anos

 

- Uma publicação recente no American Journal of Clinical Nutrition indica que a ingestão de ovos inteiros, imediatamente após exercícios de resistência, gera maior estímulo à síntese de proteínas do que somente a ingestão da clara. As gemas melhoram a capacidade do corpo de utilizar a proteína nos músculos, auxiliando no aumento de massa muscular e emagrecimento - diz Aline.

O ovo tinha fama de ser uma bomba de colesterol, proibido para quem tem problemas cardíacos ou quem precisava perder peso. A partir dos anos 1990, estudos começaram a mostrar que, na verdade, o ovo seria ótimo para uma alimentação saudável. A publicação do estudo no boletim britânico consolidou, de uma vez por todas, essa mudança na avaliação do ovo. Apesar de ser mesmo um alimento rico em colesterol, apenas uma pequena parte dessa substância é absorvida pelo corpo.

Mas por que certos alimentos têm fama tão controversa? Para Bia Rique, nutricionista e mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ, a falta de cuidado na disseminação de informações é um fator. Segundo a especialista, um dos exemplos é a ideia de que o ovo faz mal ao coração.

- Um ovo contém 213 mg de colesterol e, por isso, era considerado um alimento quase proibido na dieta de pacientes com doenças cardiovasculares. Se o paradigma nutricional não fosse tão métrico e quantificado, o ovo não teria tido tantas variações na sua reputação, as quais até hoje deixam o público leigo confuso - observa a nutricionista.

- A obsessão por precisão nutricional torna o alimento apenas um conjunto de nutrientes. Isso leva ao surgimento de "certezas" ou expressões que caem no senso comum, como "ovos são ricos em colesterol".

A divulgação de forma equivocada de pesquisas sobre alimentos constrói imagens de vilões e mocinhos da alimentação a todo tempo. O ovo se tornou incompreendido por grande parte da população, com a disseminação de informações conflitantes sobre seus efeitos. Segundo Bia Rique, a presunção de que há alimentos milagrosos ou proibidos, muitas vezes presentes em reportagens sobre o assunto, é um problema a ser combatido.

- Laticínios e ovos já foram demonizados várias vezes ao longo da história. Outro exemplo seria a polêmica entre a manteiga e a margarina. O pavor de gorduras e comidas que possam "intoxicar" o organismo é apenas um exemplo da demonização temporária de algumas substâncias ou alimentos.

Não se pode diminuir a credibilidade das pesquisas, mas nutricionistas defendem que a divulgação desses estudos pela imprensa deve ser feita de forma responsável, sem sensacionalismo, observando seu valor acadêmico e informativo. Afinal, são essas pesquisas que promovem a coleta de dados para nortear diretrizes para uma alimentação saudável. Segundo Ricardo Santin, diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ovos Brasil (IOB), a propagação de informações precisa de embasamento teórico.

- Os trabalhos científicos têm papel preponderante. De nada seria viável fazer marketing se você não tivesse base científica de alguém que estudou muito e apresentou justificativas embasadas, sólidas, diz ele.

(A Hora do Ovo, com informações do Blog do Acervo – O Globo)

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