No Dia do Avicultor, oportunidades maiores que a crise

No Dia do Avicultor, oportunidades maiores que a crise

O avicultor atravessa crises – como esta de agora -, como o malabarista faz seu trabalho, com concentração e firmeza.

Com a palavra

agosto 28, 2012

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Pego o Estadão e está lá, na capa, no alto, do lado direito, uma linda omelete... Nossa! Sou jornalista, mas bastava ser leitora comum para entender: melhor espaço não haveria naquele que é um dos principais jornais do país, talvez o mais lido do Estado de São Paulo. Não bastasse a capa, outras três páginas do respeitado caderno Paladar do Estadão daquele dia eram dedicados à delicada arte de fazer uma omelete como se deve... Na capa do Paladar, uma gigante casca de ovo, com o instigante título: Não quebre os ovos em vão...

Folheando o caderno Paladar, logo encontrei, nas páginas P4 e P5, a reportagem especial sobre omeletes, essa palavra que praticamente significa o “coletivo” de ovos. Ali, matérias com uma chef francesa, outra nova-iorquina, toques importantes de como não errar na receita mais tradicional da omelete, a francesa... E mais: as omeletes com “sotaques” de outros países, como o Japão, com sua receita de tamagoyaki, a omelete quadrada, com textura aerada e esponjosa; a Itália, com sua Frittata, omelete alta e redonda, úmida e com muito recheio misturado aos ovos antes de ir ao fogo; e a minha preferida, a Tortilha, o jeito espanhol de fazer omelete: com batatas, cebolas, azeite, bem alta, substanciosa. Nas duas páginas, quatro belas fotos dessas omeletes, suas receitas dadas por chefs brasileiros, com dicas e elogios a essa maravilha da culinária, tão simples quanto sofisticada.

Adorei! E me deu muito orgulho, também, ver o ovo ali, brilhando num dos jornais mais importantes do país. Ver aquelas lindas omeletes como estrelas no Paladar, teve sabor de ”dias melhores chegaram”... Tenho A Hora do Ovo há 16 anos, veiculo que criei para divulgar o ovo e a postura comercial. Portanto, estou há 16 anos com a avicultura de postura, num trabalho jornalístico especializado que valoriza a atividade, o ovo e o avicultor. Talvez mais tempo ainda, 19 anos, tempo que faz que me mudei de Londrina (PR) para Bastos, a cidade paulista que é a Capital do Ovo, para abrir aqui um jornal semanal. Com o dia a dia de Bastos passei a conhecer, admirar e, sempre que podia, apoiar, através de antigos no jornal A Hora, essa atividade que faz a força de Bastos e define a cultura e personalidade bastenses.

Ao atender Bastos como jornalista, fui entendendo que ser avicultor é ser persistente, forte, teimoso, trabalhador e ser também capaz de andar na corda bamba sempre que o caminho firme lhe some sob os pés. O avicultor atravessa crises – como esta de agora -, como o malabarista faz seu trabalho, com concentração e firmeza. Claro que me identifiquei com isso! Sempre me senti assim, com essa teimosia e persistência impertinentes, que fazem com que eu siga e siga e siga, mesmo na hora das crises mais insistentes.

Escrevo esta crônica no Dia do Avicultor, 28 de agosto, que neste ano transcorre numa baita crise para os produtores, com os preços do milho e soja nas alturas, em contraposição ao preço do ovo, em queda. Quem não está com estoque de grãos, está em plena manobra de malabarista para dar conta da atividade, que é dinâmica, exigente, custosa e não tem parada. Como as poedeiras, que nunca param de botar, e precisam que a ração esteja lá, cara ou barata. Fortes e produtivas, as poedeiras são também exigentes e pertinazes.

Se há um presente que o avicultor mereça neste seu dia, esse presente é o aumento do consumo do ovo, o marketing bem feito para que o consumidor aprecie o produto cada vez mais, sabendo de seu poder nutritivo e sua importância na alimentação e na saúde. Felizmente têm sido constantes as divulgações favoráveis ao ovo, alimento que amargou décadas de preconceito e restrições descabidas. É bom ver reportagens especiais como a que estampou a capa do caderno Paladar, com direito à chamada de capa no Estadão.

Pouco a pouco o ovo vai retomando seu posto de alimento nobre, gostoso, amado, como era na minha infância, quando o ovo – e a gente sabia - fazia bem. Quando minha mãe ia para o fogão fritar ovos, nunca eram menos de 3 por pessoa, e ninguém estranhava essa deliciosa dieta.

Com os esforços do Instituto Ovos Brasil para a divulgação dos benefícios do ovo, com o próprio produtor acreditando mais nessa ideia, com o consumidor melhor informado sobre as sérias pesquisas que inocentam o ovo e promovem suas excelentes qualidades nutricionais, novos tempos se anunciam para a atividade. A despeito de toda a crise, há um prenúncio auspicioso de novos tempos para o consumo do ovo. Fiquemos com o olhar firme nesse horizonte favorável, os pés fortalecidos no trabalho do dia a dia e a mente atenta ao malabarismo do mercado, esse desafio permanente que o avicultor tão bem conhece.

Fiquemos com as oportunidades que brotam das crises.

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