Sanidade: proteção ao nosso patrimônio

Sanidade: proteção ao nosso patrimônio

O status sanitário não é o único requisito, mas é obrigatório para qualquer nação que busque se destacar no cenário internacional. A vigilância é fundamental para preservar nosso principal diferencial competitivo.

Com a palavra

maio 22, 2019

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O noticiário de 2019 trouxe à pauta uma grande oportunidade que surge na Ásia para o setor de proteína animal. Um cenário descontrolado com focos de peste suína africana por toda a China tem gerado estragos enormes para o país, que detém metade do rebanho mundial. 

Levantamentos do Rabobank indicam mortandade de até 200 milhões de animais. Uma lacuna mínima de 10 milhões de toneladas se abre em uma produção de cerca de 50 milhões. O mundo, porém, exporta apenas 9 milhões – e, nisso, está toda a carne embarcada para a Coreia do Sul, Japão, México e a própria China. Ou seja, não produto suficiente no mundo para suprir tamanha demanda.

Com renda crescente, a população chinesa segue voraz por proteína animal. Diante da menor oferta de suínos, entretanto, haverá uma provável migração para outras carnes – e a carne de frango é uma candidata imediata. Portanto, trata-se de uma valiosa oportunidade para o Brasil.

A China já assumiu a liderança nas exportações de carne de frango e suína neste ano. A tendência é de incrementar ainda mais a participação chinesa entre nossos destinos. E isso é possível, entre outros motivos, por figurarmos entre os países que são livres de enfermidades, como influenza aviária e peste suína africana.

Neste momento de crise sanitária internacional, as dificuldades enfrentadas por nossos parceiros comerciais servem como um importante alerta: não podemos baixar a guarda no cuidado do status sanitário. Aos produtores, aconselhamos veementemente: evitem a visita de estrangeiros ou visitantes de fora do sistema produtivo brasileiro em suas propriedades!

As próprias empresas determinam rígidos controles, mas é preciso redobrarem a atenção. O tema foi pauta de encontro recente na ABPA com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Tollstadius Leal. Em outra reunião, o diretor de Saúde do MAPA, Geraldo Marcos de Moraes, detalhou as ações do ministério – que está fortemente dedicado a prevenir a entrada de enfermidades no Brasil.

Recentemente, a ABPA criou o Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana, que atuará em linha idêntica ao Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária. O foco está na avaliação de estratégias adotadas internamente e na análise de erros e acertos cometidos por países que enfrentaram o problema. 

O status sanitário não é o único requisito, mas é obrigatório para qualquer nação que busque se destacar no cenário internacional. A vigilância é fundamental para preservar nosso principal diferencial competitivo, que permite ao Brasil ocupar a liderança global nas vendas mundiais de proteína animal. E, agora, mais do que nunca.

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Francisco Turra Autor

Presidente da ABPA, a Associação Brasileira de Proteína Animal, foi Ministro da Agricultura do Brasil em 1998-1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

tag: Sanidade , Francisco Turra , Frango , Suíno , ABPA ,

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